As criptomoedas obtiveram atenção internacional este ano. Apesar de as operações de investimentos com moedas não serem algo novo, certamente se tem a impressão de que um conceito muito antigo está sendo renovado por uma nova tecnologia. A valorização rápida no preço de quase todos os tokens, o qual é mais notável no Bitcoin que chegou a 1 600 por cento de crescimento neste ano, e sua surpreendente integração com os grandes mercados de investimento através de contratos futuros, fez da negociação de criptos algo muito interessante para muitos investidores. De fato, com uma capitalização total de mercado de mais de US $ 400 bilhões, as negociações de criptos estão se tornando uma das oportunidades de investimento mais quentes da atualidade.

Infelizmente, muitos corretores estão percebendo que os avanços tecnológicos e até mesmo os recursos básicos presentes nos balcões de negociações tradicionais ainda são inexistentes nas operações com criptos. Isso pode ser um grande problema.

Enquanto as criptomoedas nunca foram tão populares e requisitadas, os balcões de câmbio que deveriam facilitar as operações de compra e venda das criptomoedas deixam a desejar e são ineficientes. Da maneira como estão hoje, são a manifestação dos maiores medos que os investidores enxergam nas criptomoedas. No geral, falta equivalência entre os diferentes balcões de negócios, eles utilizam tecnologias ultrapassadas, e estão cheios de golpistas.

Já está claro que as criptomoedas serão uma parte significativa do cenário financeiro daqui em diante, mas esses problemas precisão de uma solução. Parece que entendendo porque os criptomercados estão quebrados, poderemos começar a encontrar respostas para as falhas, e assim ajudá-lo a prosperar.

Falta de liquidez

Alguns de muitos motivos pelos quais as criptomoedas são tão procuradas - em boa parte pela sua natureza autonôma e descentralizada - também trazem riscos para ela. Ao negociar suas criptomoedas investidores podem escolher dentre bem mais de 100 casas de câmbio, e o preço muda entre essas casas de câmbio. O Fórum Econômico Mundial examinou a diferença nos preços de apenas três dessas casas de câmbio de criptos, e encontrou "uma grande diferença nos preços do Bitcoin." Foram listados muitos fatores que influenciam nessas diferenças, incluindo o intervalo de tempo e o valor nas operações de conversão de BTC para USD e de volta para BTC, mas principalmente, as diferenças no preço resultantes da falta de fiscalização e regulamentação.

Nos mercados financeiros tradicionais, a SEC provê a Regulação Nacional do Sistema de Mercado, o qual assegura que os corretores recebam o melhor preço de negociação independente de qual casa de câmbio tenha sido negociada. Isso funciona como um tipo de garantia de melhor preço para o investimento, mas isso garante também que todos participem do jogo de forma igual. E graças ao fato de todos os balcões de negociação precisarem oferecer os mesmos preços, eles são forçados a competir com outras bolsas de valores oferecendo custos mais baixos e tecnologia.

Já que balcões de câmbio cripto não se atêm a esse princípio, o preço das criptomoedas oscila demais, e as casas de câmbio têm menos incentivos para renovar suas plataformas. Enquanto as criptomoedas continuam a subir em valor e se integrar ao grande sistema financeiro, ainda trabalham no antigo sistema financeiro do velho oeste.

Outdated technology - Tecnologia ultrapassada

Novos investidores estão pulando de um para outro balcão de criptoinvestimentos. Estes recém chegados são imediatamente recebidos com um sistema ultrapassado de negociações que tem a funcionalidade de um mero website. Como resultado, uma simples tarefa como como mudar o preço ou o tamanho de um pedido pode ser extremamente difícil. Criptomoedas são baseadas em velocidade e tecnologia de ponta, por isso essas restrições dificultam a sua habilidade para operar com eficiência.

Infelizmente, a tecnologia ultrapassada não é apenas relacionada aos serviços ao investidor. Algorítimos que funcionam como sistemas de emergência que param negociações quando os preços oscilam demasiadamente são poucos ou não existentes nos balcões de cripto-investimentos. 

A CNBC divulgou que diferente dos balcões de negociações regulamentados no Estados Unidos, os de negociações de criptomoedas não são obrigados a ter esses sistemas de emergência para parar as negociações durante oscilações extremas. Mesmo durante esse ano de tremendo crescimento, o Bitcoin teve quatro momentos em que seu preço caiu até ou mais de 50 por cento. Isso é bem comum em criptomercados, assim a falta desses mecanismos é um problema.

Golpistas 

A ausência de supervisão regulatória e a abundância de limitações tecnológicas fazem as criptonegociações alvo de golpistas.

Corretores com olhos grandes podem manipular o criptomercado e criar uma impressão desproporcional no valor das criptomoedas. uma dessas práticas é conhecida como "spoofing," e permite que o corretor publique lotes para venda acima ou abaixo do valor de mercado manipulando assim o seu valor. Essa manobra é ilegal, mas sem regulamentação, é difícil fiscalizar essa prática.

E ainda temos os roubos de cripto, dos quais a Mt. Gox falou quando foi vítima de invasores que roubaram US $ 450 milhões em Bitcoins, esse foi um dos primeiros casos de vários, que já custaram centenas de milhões de dólares aos investidores.

Por enquanto, as casas de câmbio de cripto fazem promessas de combaterem esses problemas; no entanto, se ficarem somente nas promessas, isso pode limitar o potêncial que têm de acompanhar a demanda dos investidores.

O que pode ser feito?

Em resumo, o mercado de criptomoedas precisa evoluir e o caminho mais eficiente para isso é aprendendo com seu primo bem mais velho: Wall Street. A tecnologia e infraestrutura regulatória que garantem o funcionamento de Wall Street há decadas é velha, mas muito superior ao que temos nos criptomercados de hoje. Estimular Wall Street poderia produzir os criptomercados com estrutura e estabilidade que atrairiam grandes instituições de investidores e casas de câmbio para o jogo, para ajudar a guiar esses mercados em seu processo de amadurecimento pelos próximos anos.  

Alexander Kravets. cofundador do XTRADE.IO, uma empresa de tecnologia que busca trazer a maturidade de Wall Street e suas tecnologias para o mundo das criptomoedas. Já serviu como Gerente Diretor de um corretor/negociante de autocompensação que operava quatro por cento do volume diário de negócios da NASDAQ e com sucesso lançou o Sogotrade, uma plataforma de investimentos com mais de 100 000 clientes.