O relacionamento do setor cripto com Washington está evoluindo rapidamente, à medida que a indústria assume um papel mais assertivo na política dos Estados Unidos, sinalizando uma transição de status de forasteira para uma influência crescente no cenário federal. Nesta semana, em Byte-Sized Insight, analisamos como o lobby, os gastos políticos e o acesso estão remodelando a presença do setor cripto no Capitólio e o que isso pode significar para a descentralização, a concorrência de mercado e as políticas futuras.
Perdões presidenciais
O recente perdão presidencial ao cofundador da Binance, Changpeng Zhao, impulsionou o debate, levantando questionamentos sobre se a crescente influência política do setor cripto está moldando decisões. Enquanto algumas figuras do setor classificaram o caso como um exemplo de excesso governamental, críticos apontaram para a pressão do lobby e as conexões de alto nível como evidências da influência em expansão.
Nesse contexto, a atuação política das criptomoedas em Washington cresceu de forma dramática. Segundo dados compartilhados com o Cointelegraph, os gastos com lobby por entidades ligadas ao setor cripto aumentaram fortemente desde 2021.
“Eu diria que em 2021 foi quando realmente começamos a ver esse salto”, afirmou Brendan Glavin, diretor de análises da OpenSecrets. “Antes disso, o setor não gastava mais que US$ 2,5 milhões por ano, e em 2021 saltou para oito milhões e meio.” Glavin acrescentou que desde então o crescimento tem sido exponencial.
Lobby significa maturidade
Glavin observou que o padrão segue a trajetória de outros setores emergentes que ganham atenção regulatória.
“Assim que isso acontece, as pessoas começam a falar sobre regulamentação e sobre questões que afetam o funcionamento do setor. E é nesse momento que os líderes da indústria percebem que precisam participar desse jogo político em Washington.”
Essa participação não se limita mais ao lobby tradicional. No ciclo eleitoral de 2024, os grupos do setor cripto adotaram uma estratégia mais voltada às campanhas eleitorais.
“O que o setor cripto fez em 2024 foi dizer: não vamos doar dinheiro diretamente a candidatos… nosso foco principal será criar nosso próprio super PAC”, explicou Glavin. O Fairshake, o maior PAC do setor, arrecadou mais de US$ 260 milhões durante o ciclo eleitoral de 2023–24 e gastou US$ 195,8 milhões, segundo dados da OpenSecrets.
Novos desdobramentos sugerem que a tendência pode se acelerar. Além dos PACs, a emissora de stablecoins Tether considera criar uma entidade nos Estados Unidos capaz de realizar doações políticas diretas antes das eleições de meio de mandato de 2026.
Enquanto isso, reportagens da Bloomberg indicam que o setor já acumulou cerca de US$ 263 milhões em capital político previsto para este ciclo, rivalizando com setores tradicionais poderosos, como o de petróleo e gás.
Essa movimentação levanta preocupações sobre a concentração de influência, especialmente à medida que grandes players, com mais recursos, passam a ter acesso que pequenos desenvolvedores podem não ter.
“Cria-se uma situação em que os players já estabelecidos acabam centralizando ainda mais o controle, porque têm a capacidade de contratar pessoas e de fazer suas vozes serem ouvidas”, alertou Glavin.
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