Principais destaques:
O IPO da Circle foi um sucesso, com as ações CRCL disparando quase 290% e reacendendo o interesse dos investidores.
Novos registros de IPO das empresas Gemini e Bullish indicam um impulso crescente, e outras companhias nativas do setor cripto podem estar se preparando para entrar nos mercados públicos.
Embora nem todas as listagens tragam retornos explosivos, a presença cada vez maior das criptomoedas nos mercados acionários representa um marco importante para o setor.
Desde o início de 2025, os IPOs de empresas cripto têm se acumulado. Em maio, a exchange israelense eToro e a empresa de serviços financeiros Galaxy Digital, sediada em Delaware, estrearam na Nasdaq. Depois veio a Circle: o IPO altamente bem-sucedido da emissora da stablecoin USDC, em 5 de junho, marcou oficialmente o início da temporada de IPOs cripto. Com a CRCL sendo negociada quase 290% acima do preço inicial, os investidores não apenas participaram, eles correram para comprar.
A mensagem é clara: os mercados públicos estão famintos por empresas nativas do setor cripto com receita real, forte conformidade regulatória e infraestrutura escalável. É um voto de confiança — e um sinal verde para outras empresas do setor que desejam abrir capital.
A janela para IPOs cripto está aberta. Há apetite no mercado, e as oportunidades são muitas.
Novos registros de IPO cripto: Gemini e Bullish
Ainda não se passou uma semana desde a estreia da Circle na NYSE, e duas outras empresas cripto com sede em Nova York já estão se preparando para seus IPOs.
Em 6 de junho, a Gemini, exchange de criptomoedas fundada pelos gêmeos Winklevoss, anunciou que registrou confidencialmente uma minuta do formulário S-1 junto à SEC. O registro refere-se a um possível IPO de suas ações ordinárias Classe A, embora detalhes como número de ações e preço ainda não tenham sido divulgados.
Em 11 de junho, foi a vez da Bullish seguir o exemplo. Segundo o Financial Times, a exchange apoiada por Peter Thiel também submeteu um registro confidencial de IPO à SEC. A Bullish já havia tentado abrir capital via SPAC em 2021, mas a iniciativa fracassou em 2022 devido à turbulência do mercado.
Agora, o momento parece ideal: os Estados Unidos avançam em direção a uma maior clareza regulatória sobre criptoativos, o capital institucional já normalizou a exposição ao setor, e a incerteza macroeconômica global está incentivando a diversificação por parte dos investidores. A probabilidade de novos anúncios de IPOs é alta.
Quem pode ser o próximo na fila de IPOs cripto?
As especulações mais fortes giram em torno da Kraken, uma das maiores exchanges dos EUA. De acordo com a Bloomberg, a Kraken estaria se preparando para abrir capital, possivelmente no início de 2026. Sua última rodada de financiamento com avaliação divulgada ocorreu em 2019, quando levantou US$ 13,5 milhões com valuation de US$ 4 bilhões.
Outro possível candidato é a BitGo, custodiante regulada com sede nos EUA. Em fevereiro, surgiram relatos de que a empresa mirava um IPO “ainda este ano”. A última avaliação da BitGo, em agosto de 2023, foi de US$ 1,75 bilhão.
Outras empresas do setor cripto que também podem estar considerando um IPO incluem:
Consensys, desenvolvedora da carteira MetaMask e outras ferramentas do ecossistema Ethereum. Avaliada em cerca de US$ 7 bilhões, está bem posicionada para abrir capital.
Ledger, fabricante francesa de carteiras físicas. Com valuation de US$ 1,4 bilhão em 2023 e forte reconhecimento global da marca, pode estrear na Euronext ou em uma bolsa dos EUA.
Fireblocks, empresa de infraestrutura institucional de custódia com sede em Nova York. Após sua rodada Série E em 2022, foi avaliada em US$ 8 bilhões. Desde então, expandiu suas operações com várias contratações executivas em 2023 e 2024.
Chainalysis, empresa de análise on-chain com sede em Nova York, conhecida por atender órgãos reguladores e instituições financeiras. Foi avaliada em US$ 8,6 bilhões em 2022 e passou por mudanças importantes na liderança desde dezembro de 2024, incluindo a nomeação de seu primeiro diretor financeiro.
Os próximos IPOs cripto vão repetir o sucesso da Circle?
A Circle estabeleceu um padrão elevado. O desempenho das ações da CRCL após o IPO foi explosivo, com alta de mais de 240% em poucos dias, e ajudou a definir o tom da atual onda de IPOs cripto. No entanto, há uma diferença estrutural entre a Circle e outras empresas cripto que consideram abrir capital. O produto principal da Circle é, essencialmente, uma versão digital do dólar com funcionalidades ampliadas por meio da blockchain. Seu modelo de negócios, ganhar juros sobre as reservas que lastreiam o USDC, é bastante familiar ao setor financeiro tradicional.
O mesmo não se aplica às exchanges, empresas de infraestrutura blockchain ou plataformas de análise de dados. Esses negócios dependem mais diretamente do desenvolvimento de longo prazo do Bitcoin, do Ethereum e dos ecossistemas da Web3. Trata-se de uma aposta diferente, que exige dos investidores um envolvimento mais profundo com as complexidades do setor cripto. As listagens da eToro (ETOR) e da Galaxy Digital (GLXY), em maio, foram menos bem-sucedidas que a da Circle, registrando apenas 43% a 46% de valorização no primeiro dia de negociação.
Ainda assim, mesmo que os próximos IPOs não repitam os retornos da Circle, seu valor simbólico é enorme. Cada listagem representa um elo mais forte entre o setor cripto e o sistema financeiro tradicional.
As criptomoedas estão se tornando parte integrante dos mercados públicos. Algumas empresas que não eram originalmente do setor passaram por reinvenções — como a MicroStrategy (MSTR), a Riot Platforms (RIOT) e a Marathon (MARA) —, enquanto empresas nativas do setor estão cada vez mais abrindo capital. Com a MSTR integrando o Nasdaq 100 em dezembro de 2024 e a COIN da Coinbase entrando no S&P 500 em maio de 2025, os dois principais índices acionários do mundo agora refletem exposição ao setor cripto.
O que antes era visto como uma vertente volátil e marginal agora está produzindo empresas prontas para IPO e, em alguns casos, superando as expectativas.
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Toda decisão de investimento ou negociação envolve riscos, e os leitores devem conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.