O uso de criptomoedas por militantes do Hamas para financiar os ataques recentes a Israel pode ter prejudicado a campanha de lobby a favor das criptomoedas da Coinbase nos Estados Unidos, diz um novo relatório de investimento da Berenberg Capital Markets.

Em uma pesquisa divulgada em 18 de outubro, o analista líder da Berenberg, Mark Palmer, disse que a principal motivação para que ele mantenha uma "postura cautelosa" em relação à Coinbase é fruro das várias ações regulatórias que estão sendo movidas contra a exchange nos Estados Unidos, somadas aos contratempos políticos que emanam do conflito Israel-Hamas.

Os analistas da Berenberg listaram uma série de preocupações com o desempenho futuro das ações da Coinbase. Fonte: Berenberg Capital Markets

Na semana passada, o Financial Times informou que as autoridades israelenses fecharam e apreenderam mais de 100 contas na Binance e em outras exchanges de criptomoedas que estavam sendo usadas para financiar o Hamas em campanhas de arrecadação de fundos.

Como parte da repressão, as autoridades israelenses apreenderam milhões de dólares em criptomoedas.

"Embora o Hamas tenha anunciado em abril que não usaria mais criptomoedas para arrecadação de fundos devido à possibiildade de que as autoridades rastreassem seus movimentos em redes blockchain, acreditamos que as manchetes recentes provavelmente tornarão a clareza em torno da questão do status legal das criptomoedas ainda mais elusiva", escreveu Palmer.

Nos últimos anos, a Coinbase investiu drasticamente em campanhas de lobby nos Estados Unidos como parte de uma estratégia para aprovar uma regulamentação mais clara e amigável às criptomoedas no país.

Os analistas da Berenberg reiteraram sua recomendação de "espera" para as ações da Coinbase (COIN) e mantiveram os alvos de preço em US$ 39.

As ações da Coinbase estavam sendo negociadas a US$ 77,30, com uma alta intradiária de 3%, de acordo com dados da TradingView no momento da publicação deste artigo.

O preço das ações da Coinbase (COIN) subiu 3% nas últimas 24 horas. Fonte: TradingView

"Continuamos a ver a COIN com cautela, principalmente depois que as ações subiram mais de 112% este ano, contra cerca de 72% do Bitcoin e cerca de 29% da Nasdaq, que é um mercado de alta tecnologia", disse Palmer.

"Nossa classificação de espera para a COIN reflete nossa visão de que a ação não é um bom investimento no curto prazo", acrescentou.

Palmer também explicou que o caso em curso que opõe a Coinbase e a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) pode continuar sendo um "obstáculo" para qualquer impulso positivo no preço das ações da empresa.

Embora Palmer tenha observado os recentes volumes de negociação mais fracos do que o esperado, decorrentes de um "inverno cripto persistente", ele disse que a Berenberg havia aumentado sua estimativa da receita de transações de consumo da empresa, de US$ 210 milhões para US$ 240,8 milhões.

Esse ajuste foi feito para refletir sua expectativa de que a taxa de aceitação do consumidor da Coinbase "se contrairá em um ritmo mais lento do que estávamos prevendo."

Além disso, Palmer explicou que o grande saldo de caixa da exchange de criptomoedas lhe proporciona "segurança e flexibilidade", e ele espera que a administração da Coinbase continue a reduzir as despesas no futuro.

"Devido a esses fatores, bem como ao fato de que a COIN é uma posição vendida a descoberto mantida por muitos investidores, acreditamos que vender as ações da empresa a descoberto representa uma estratégia arriscada, especialmente porque as ações podem estar sujeitas a movimentos abruptos de alta à medida que a empresa avança em sua batalha jurídica contra a SEC."

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