Gigantes da internet chinesas, empresas estatais e instituições financeiras que operam em Hong Kong podem enfrentar restrições em atividades com stablecoins e cripto.

De acordo com uma reportagem de quinta-feira do veículo local Caixin, empresas chinesas do continente que atuam em Hong Kong podem ser forçadas a se retirar de atividades relacionadas a criptomoedas. As filiais em Hong Kong de várias estatais e bancos chineses também devem ficar de fora da corrida para obter uma licença de stablecoin em Hong Kong.

A notícia vem após relatos de que o HSBC e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), o maior banco do mundo em ativos totais, planejam solicitar licenças de stablecoin em Hong Kong. O novo marco regulatório de stablecoins da cidade entrou em vigor em 1º de agosto, com um período de transição de seis meses. Os reguladores afirmaram que 77 instituições demonstraram interesse em aplicar.

Segundo o Caixin, mudanças recentes na política indicam que bancos chineses e outras instituições que planejam solicitar licenças de stablecoin em Hong Kong provavelmente desistirão da disputa. Um veterano do setor financeiro, sob anonimato, disse ao veículo que esses players podem adiar suas solicitações de licenças.

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Autoridade Monetária de Hong Kong. Fonte: Wikimedia

Temores de transferência de risco

Uma fonte próxima ao assunto disse ao Caixin: “O negócio de stablecoins de Hong Kong está apenas começando e seu futuro é incerto”, ressaltando que era importante “não se precipitar em participar”.

Grandes instituições chinesas já haviam demonstrado interesse antes da mudança na política. Em agosto, uma subsidiária do China Merchants Bank lançou uma exchange institucional de cripto em Hong Kong.

O gigante do e-commerce chinês JD.com também teria registrado entidades ligadas a uma possível emissão de stablecoin dias antes do novo regime regulatório de Hong Kong entrar em vigor. De forma semelhante, a Ant International teria registrado entidades ligadas a stablecoins em Hong Kong e Singapura no início de junho.

Hong Kong quer simplificar cripto para bancos

A reportagem segue outro artigo do Caixin sugerindo que a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) pode flexibilizar os requisitos de capital para bancos que lidam com cripto.

De acordo com a reportagem, a HKMA estaria considerando reduzir as exigências de capital para bancos que detenham cripto, aliviando as regras de capital.

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Fonte: Whale Insider

O texto afirmou que as autoridades de Hong Kong pretendem otimizar as regulações de capital para criptoativos, a fim de ajudar os bancos a aceitarem stablecoins compatíveis e incentivar investimentos em ativos digitais baseados em blockchains públicas ou sem permissão.

O Cointelegraph entrou em contato com a HKMA para comentar, mas não obteve resposta até o fechamento.

Abordagem cautelosa da China em relação às stablecoins

Segundo o Caixin, restrições também serão aplicadas a investimentos dessas empresas em cripto e exchanges. A postura do governo chinês em relação às stablecoins não é novidade.

No início de agosto, as autoridades chinesas teriam instruído empresas locais a cessarem a publicação de pesquisas e a realização de seminários sobre stablecoins, citando preocupações de que esses ativos poderiam ser usados como ferramenta para atividades fraudulentas.

Ainda assim, a China parece estar avaliando cuidadosamente as stablecoins. Segundo relatos de fim de agosto, autoridades chinesas podem autorizar, pela primeira vez, stablecoins lastreadas em yuan para promover o uso global de sua moeda.

A reportagem veio após uma reunião da Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais de Xangai, que discutiu respostas estratégicas às stablecoins e moedas digitais, sinalizando uma abertura à ideia.

No fim de julho, a blockchain chinesa Conflux apresentou uma nova stablecoin lastreada em yuans offshore, destinada à circulação em países da “Belt and Road”, sendo explicitamente proibida de uso na China continental.