A China continental, um dos países mais restritivos do mundo em relação às criptomoedas, pode estar se aproximando da adoção à medida que uma marca com operações locais anunciou uma estratégia de reservas em Bitcoin.

A DDC Enterprise, também conhecida como DayDayCook, uma marca de consumo dos Estados Unidos com raízes em Hong Kong e operações na China continental, está adotando uma estratégia de reservas em Bitcoin (BTC), conforme anunciado pela CEO Norma Chu em uma carta aos acionistas em 15 de maio.

Como parte da estratégia, a DDC adquiriu 100 BTC por cerca de US$ 10,4 milhões e planeja acumular 5.000 BTC nos próximos 36 meses, com uma meta de 500 BTC até o final de 2025.

O anúncio da estratégia de reservas em Bitcoin por Chu foi feito após a empresa registrar um aumento de 33% na receita em 2024, totalizando 273,3 milhões de yuans chineses (US$ 37,4 milhões), de acordo com seu relatório Form 20-F protocolado na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) em 15 de maio.

Planos da DDC com Bitcoin não aparecem nos registros da SEC

Apesar do anúncio público, os registros mais recentes da DDC na SEC não mencionam explicitamente as participações da empresa em Bitcoin ou uma estratégia de reservas em Bitcoin.

“Estamos iniciando uma iniciativa pioneira para posicionar a DDC na vanguarda da inovação em ativos digitais, com uma execução focada na acumulação de Bitcoin”, afirmou a CEO da DDC na carta aos acionistas.

Chu já havia anunciado a intenção da DDC de adotar uma estratégia de reservas em Bitcoin em outra carta, em 18 de março.

Fonte: Norma Chu

Embora o relatório anual da DDC não mencione planos de reservas em Bitcoin, o registro na SEC fornece indícios da intenção da empresa de adotar o BTC como uma nova classe de ativos.

“A empresa [DDC] está avaliando estratégias para obter o financiamento adicional necessário para operações futuras”, diz o relatório, acrescentando:

“A empresa planeja diversificar as fontes de receita e implementar medidas de redução de custos para aumentar as receitas e diminuir as despesas. No entanto, a empresa pode não conseguir acessar novos financiamentos por meio de capital ou dívida quando necessário.”

Além disso, o registro faz referência às diretrizes de divulgação de criptoativos estabelecidas pela atualização dos padrões contábeis do Financial Accounting Standards Board (FASB), emitida no final de 2023.

Trecho do relatório anual F-20 da DDC. Fonte: SEC

“Em dezembro de 2023, o FASB emitiu a ASU 2023-08, ‘Intangíveis, Goodwill e Outros – Criptoativos (Subtópico 350-60). Contabilização e Divulgação de Criptoativos’”, observa o documento, acrescentando que as empresas podem começar a adotar as novas regras antecipadamente, caso seus relatórios financeiros ainda não tenham sido publicados.

A postura em evolução da China sobre as criptomoedas

O registro da DDC informa que a empresa opera parcialmente na China continental e em Hong Kong, o que coloca suas condições financeiras e de crescimento sob influência dos desdobramentos políticos, econômicos e sociais locais.

Até maio de 2025, a China continental mantém uma agenda restritiva em relação à negociação e mineração de criptomoedas desde 2021, quando reguladores locais anunciaram uma proibição abrangente das transações com criptoativos.

No entanto, muitos relatos online especulam que a China pode suspender sua proibição de criptomoedas, impulsionada pelo aumento da adoção em Hong Kong e pela mudança global em direção ao mercado cripto, favorecida pela abordagem pró-cripto do governo dos Estados Unidos sob o presidente Donald Trump.

Mapa da mineração de Bitcoin por países em janeiro de 2022. Fonte: CBECI

Ainda assim, alguns analistas questionam os planos da China continental de “liberar o Bitcoin”, apesar do fato de o país ter permanecido, de certa forma, como um dos principais players globais na mineração de Bitcoin mesmo após a proibição.

O Cointelegraph procurou a DDC para comentar seus planos de reservas em Bitcoin, mas não obteve resposta até o momento da publicação.