Durante um painel promovido pela Microsoft, no segundo dia do Febraban Tech, o diretor do Drex dentro do Banco Central, Fábio Araujo, revelou que a CBDC do Brasil entrou oficialmente na 'fase 2' de seus testes e, nela, além da tokenização de títulos públicos, haverá novos casos de uso para a moeda digital do Brasil.

Segundo Araujo, a Fase 2 terá justamente como foco estes novos casos de uso que serão propostos inicialmente pelos consórcios que atualmente participam do Drex e, após, haverá a abertura para novos participantes também proporem novos casos de uso.

Araujo ressaltou que todos os casos de uso que serão apresentados só serão 'aprovados', desde que o regulador deste setor também participe do Drex e dos testes.

"Não podemos colocar o ativo na rede sem o regulador conjunto na rede. Então eu não posso colocar um valor mobiliário sem a CVM. A dica que dou é se os participantes do Drex querem propor um caso de uso eles tem que ver primeiro se o regulador daquele setor topa integrar o consórcio e a rede do BC para testar a solução no Drex", afirmou.

Ainda segundo Araujo, em setores que a regulamentação é fragmentada ou possuem vários reguladores, o BC estuda fazer o caminho 'inverso', ao invés de integrar os reguladores no Drex, a proposta é levar a plataforma do Drex para o sistema legado dos reguladores.

"A gente queria que a maioria dos ativos estivesse no Drex, mas nunca vamos conseguir colocar todos eles para dentro,  então a gente leva o Drex para eles", afirmou.

Privacidade

O executivo do BC também destacou que esta fase 2 deve ser executada em até 14 meses e que as soluções de privacidade vão continuar sendo testadas nesta fase com os novos casos de uso aprovados.

Na fase 2 o Banco Central também pretende desenvolver a governança da rede e um 'dev kit' para que novos participantes possam entrar no Drex já com um conjunto de regras definido e com isso desenvolver aplicações mais rápidas.

"Ao longo desta fase 2, que vai durar de 12 a 14 meses, vamos continuar amadurecimento das soluções de privacidade, ver como eles interagem como os casos que temos desenhado e desenhar a estratégia de governança para novos casos. A gente espera ter um DEV KIT, a partir do momento que a gente tenha definido os padrões da plataforma, novos participantes vão pegar ele e começar a desenvolver", disse.

Araujo destacou também que o BC não tem 'prazo' para lançar o Drex, mas está mais 'preocupado' com os marcos importante que o Drex precisa cumprir para que então o sistema seja lançado oficialmente.

"Somos banqueiros centrais e temos que garantir que tudo funcione bem. Então nosso grande marco agora é resolver a questão de privacidade e dado os avanços, estamos chegando la e caminhando para este marco ser cumprido", afirmou.

Junto com Italo Borssatto, Italo Borssatto, Advisor, Hong Kong Centre e João Paulo Aragão Pereira, Especialista de Tecnologia de Serviços financeiro da Microsoft América Latina, Araujo também comentou sobre o mBridge, plataforma em blockchain para pagamentos internacionais que vem sendo testada pelo BIS com outros países e bancos.

Segundo ele, plataformas com essa serão fundamentais para ligar CBDCs em todo o mundo, pois elas vão contar com um 'conjunto de regras e governança' que 'libera' os países de assinarem diversos acordos entre si, ou seja, ao entrar na rede os 'acordos' já estão feitos.

Além disso, destacou que o sistema de credenciais verificáveis será fundamental nesta rede e em toda a interoperabilidade do DREX e das CBDCs.