A CEO da ARK Invest, Cathie Wood, reduziu em US$ 300 mil sua projeção de longo prazo para o preço do Bitcoin, alertando que as stablecoins estão corroendo o papel do Bitcoin como reserva de valor em mercados emergentes.

“As stablecoins estão usurpando parte da função que achávamos que o Bitcoin desempenharia”, disse Wood, que anteriormente projetava um preço máximo de US$ 1,5 milhão para o BTC até 2030, em entrevista à CNBC na quinta-feira.

“Dado o que está acontecendo com as stablecoins — que estão atendendo aos mercados emergentes de uma forma que achávamos que o Bitcoin atenderia — acho que podemos retirar cerca de US$ 300 mil daquele cenário otimista, apenas por causa das stablecoins.”

“As stablecoins estão crescendo aqui, acho que muito mais rápido do que qualquer um esperava”, acrescentou.

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A capitalização total do mercado de stablecoins ultrapassou a marca de US$ 300 bilhões em 2025 e continua a crescer. Fonte: DefiLlama

Apesar da revisão para baixo, Wood afirmou que continua otimista em relação ao Bitcoin (BTC) e o descreveu como um “sistema monetário global” que atua como reserva de valor semelhante ao ouro, mas distinto das stablecoins, que são apenas dinheiro tokenizado em blockchain.

Economias emergentes recorrem às stablecoins

As stablecoins lastreadas em dólar podem desviar mais de US$ 1 trilhão do sistema bancário tradicional em mercados emergentes até 2028, segundo o banco internacional Standard Chartered.

Isso é particularmente verdadeiro em países afetados por hiperinflação, sanções ou controles cambiais — como Venezuela e Argentina —, onde os cidadãos recorrem a moedas fiduciárias alternativas, como o dólar americano, para proteger seu poder de compra.

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As stablecoins dominaram o valor das criptomoedas recebidas na América Latina de 2022 a 2024. Fonte: Chainalysis

A taxa anual de inflação do bolívar venezuelano disparou para 269% em 2025, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, levando milhões de moradores a adotar stablecoins atreladas ao dólar, como o USDt (USDT) da Tether, como forma de poupança.

Controles cambiais rigorosos e um sistema de câmbio de duas taxas na Venezuela popularizaram as stablecoins como alternativa confiável ao dólar físico ou a depósitos bancários em dólares.

Em 2024, surgiram relatos de que o governo venezuelano estaria usando stablecoins para contornar sanções dos EUA e facilitar o comércio internacional de petróleo.