Opinião de: Corey Billington, cofundador e CEO da Blubird

A solução para o greenwashing não é outro padrão voluntário ou auditoria de terceiros. É a infraestrutura que torna o greenwashing tecnicamente impossível.

A tokenização, quando vinculada a projetos físicos verificáveis, faz exatamente isso. E é o único caminho credível para restaurar a confiança no financiamento climático.

Os mercados de carbono passaram anos operando na ambiguidade. Linhas de base opacas, dados autodeclarados e padrões mutáveis transformaram as “compensações” em exercícios contábeis e deram ao greenwashing um modelo de negócios. Uma recente tokenização de US$ 32 bilhões em ativos de redução de emissões (ERAs), vinculados a poços de petróleo lacrados e minas de carvão desativadas, mostrou como são os trilhos credíveis.

Esses ERAs representaram cerca de 395 milhões de toneladas de CO₂ evitadas: ativos de nível regulatório, com dados de desempenho e procedência registrados on-chain. Isso não é inovação pela inovação, mas o padrão mínimo viável para quem leva a sério o financiamento climático em 2025.

Os ERAs tokenizados não substituem políticas climáticas ou padrões credíveis, mas traduzem a intenção ESG em ativos que podem ser verificados, segurados e precificados. E é disso que os alocadores precisam para movimentar grandes volumes.

A desaceleração do mercado prova que a qualidade importa

Novos dados indicam um mercado em transição, com preferência por ativos verificáveis. O valor total das transações caiu 29%, para US$ 535 milhões, e o volume negociado diminuiu 25%, para 84 milhões de toneladas. As aposentadorias, o sinal de “consumo” pelo usuário final, permaneceram em 182 milhões de toneladas.

Os créditos de remoção tiveram um prêmio de preço de 381% em relação aos de redução, e os preços médios permaneceram acima de US$ 6 por tonelada, mais que o dobro dos níveis de 2020.

Os compradores fizeram uma pausa pela qualidade, não porque a demanda desapareceu. É exatamente por isso que os ativos tokenizados vão vencer. Eles são o único produto capaz de provar qualidade sem pedir que investidores confiem em um PDF.

As controvérsias sobre qualidade continuam atuais, não históricas. Um relatório sobre projetos da Amazônia apontou supostos abusos e desmatamento ilícito ligados a esquemas de crédito no Brasil. Outro destacou falhas em benefícios comunitários e preocupações com direitos. Os mercados ainda estão reprecificando a integridade, e isso é saudável. Mas a reprecificação só funciona quando é possível medir o que se está comprando. Os créditos de carbono tradicionais não atingem esse padrão.

Padrões não são suficientes sem trilhos verificáveis

Novas diretrizes estão se fortalecendo. Os Princípios de Carbono Central do Integrity Council estabelecem um padrão global para créditos de alta integridade. A Iniciativa de Integridade dos Mercados Voluntários de Carbono (VCMI) atribui às empresas um código de declarações para garantir que seus comunicados públicos correspondam às ações reais. Esses são os padrões mínimos viáveis para credibilidade.

O que eles não podem fazer sozinhos é consertar a base de dados. É aí que instrumentos tokenizados e vinculados a projetos resolvem o que as estruturas de integridade não conseguem: a camada de dados em si.

Considere uma mina abandonada na Virgínia Ocidental. A tokenização cria um gêmeo digital: monitoramentos por satélite verificam o status da recuperação, sensores de metano reportam em tempo real, e transferências de propriedade são registradas de forma imutável. O crédito é emitido com base em provas, não em confiança. A procedência, os controles e as transferências do ativo ficam disponíveis on-chain, o que torna mais fácil detectar tentativas de dupla contagem ou manipulação contábil.

Os ERAs tokenizados tornam o próprio projeto a unidade financeira. Dados de desempenho, propriedade e mitigação de risco ficam vinculados a esse registro; garantias e seguros o acompanham. Se o projeto entregar menos, a falha é observável. Se entregar mais, o ganho também é. Isso não é tecnologia revolucionária, é transparência básica finalmente aplicada às alegações ambientais.

As objeções que não se sustentam

Duas objeções merecem destaque. Primeiro, a regulamentação ainda é desigual. As regras do Artigo 6.4 do Acordo de Paris ainda estão sendo operacionalizadas, e o tratamento jurídico das reivindicações ambientais tokenizadas varia por jurisdição.

Segundo, a garantia pode ser fraca se as auditorias forem superficiais ou a transferência de risco for limitada.

Esses são problemas de governança muito mais fáceis de resolver quando os dados subjacentes não podem ser adulterados. São solucionáveis com padrões credíveis, intermediários licenciados e capacidade real de seguro, incluindo cobertura paramétrica. O sistema atual tem as mesmas lacunas regulatórias, mas com oportunidades ilimitadas de fraude, o que não é uma alternativa razoável.

O fundo tokenizado da BlackRock sinaliza o estágio final

Enquanto as compensações lutam por confiança, a tokenização de ativos tradicionais já se tornou dominante. O fundo de liquidez tokenizado da BlackRock, o BUIDL, tornou-se líder em sua categoria e agora é aceito como colateral em grandes plataformas, indicando o rumo da infraestrutura de mercado.

Medições mais amplas de ativos do mundo real on-chain mostram crescimento constante, chegando a dezenas de bilhões, dominadas por títulos do Tesouro e fundos de mercado monetário tokenizados usados por mesas institucionais. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) vê a tokenização como algo fundamental, aprimorando o sistema existente e permitindo o novo em pagamentos e valores mobiliários.

Esses são indicadores de tendência: quando os trilhos mudam, os instrumentos ESG seguirão o mesmo caminho.

Resultados mensuráveis superam apresentações de sustentabilidade

A vantagem prática de fundamentar afirmações em dados é a capacidade de traduzi-las. Quando alguém cita milhões de toneladas de emissões de CO₂, ferramentas como a calculadora de equivalência da EPA convertem isso no número de carros a menos nas ruas ou residências abastecidas com energia. Essas métricas em linguagem simples podem ser auditadas por tesoureiros corporativos, investidores individuais e formuladores de políticas.

Adicione classificações credíveis de terceiros e o processo de descoberta de preços retorna: créditos de maior integridade têm prêmio, enquanto a oferta de baixa integridade é desvalorizada ou ignorada. Essa reprecificação é saudável, e já está em andamento.

A tokenização transforma alegações de marketing em fatos comprováveis

Com todas as peças reunidas, surge uma nova estrutura de mercado. Padrões de integridade, como o Integrity Council for the Voluntary Carbon Market (ICVCM) e a Voluntary Carbon Markets Integrity Initiative (VCMI), definem o piso; ativos transparentes, tokenizados e vinculados a projetos elevam o teto. Trilhos institucionais normalizam custódia, colateral e liquidação. Transferências de risco credíveis convertem disputas metodológicas em contingências precificadas, em vez de guerras de relações públicas.

As compensações não desaparecerão, mas à medida que as estruturas de integridade se fortalecem e os instrumentos tokenizados escalam, o capital preferirá ativos com causalidade observável e controles programáticos.

A adoção institucional de fundos tokenizados demonstra que o modelo operacional é eficaz.

Opinião de: Corey Billington, cofundador e CEO da Blubird.

Este artigo tem caráter meramente informativo e não se destina a ser, nem deve ser interpretado como, aconselhamento jurídico ou de investimento. As opiniões, ideias e pontos de vista aqui expressos são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente as opiniões e pontos de vista do Cointelegraph.