Principais pontos:

  • Os ETFs de ETH ampliaram o acesso, mas os fluxos continuam cíclicos.

  • A estrutura do SOL já está pronta: os futuros da CME estão ativos e as opções estão previstas para 13 de outubro (aguardando aprovação).

  • Os novos padrões genéricos da SEC agora permitem listagens mais rápidas de ETPs de commodities spot além do BTC e do ETH.

  • Para que o SOL supere o ETH, será necessário manter criações consistentes, hedge eficiente, uso real on-chain e impulso contínuo dos desenvolvedores.

É verdade que o Ether (ETH) já saiu na frente na corrida pelos fundos negociados em bolsa (ETFs): os ETFs spot de Ether começaram a ser negociados em 23 de julho de 2024, atraindo cerca de US$ 107 milhões em fluxos líquidos no primeiro dia e abrindo um caminho de investimento acessível a investidores tradicionais por meio de corretoras e contas de aposentadoria.

No entanto, a infraestrutura de mercado da Solana (SOL) está se aproximando. A Bolsa Mercantil de Chicago (CME) lançou futuros de Solana em 17 de março de 2025, e as opções estão previstas para 13 de outubro.

Em setembro de 2025, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) adotou “padrões genéricos de listagem” que simplificam o processo para as bolsas listarem produtos negociados em bolsa (ETPs) de commodities spot, o que pode abrir o caminho além do Bitcoin (BTC) e do Ether.

Fora dos EUA, o SOL já é negociado em instrumentos de investimento regulamentados por meio da 21Shares, na Europa, e da 3iQ, no Canadá.

Com esse acesso já estabelecido, a questão agora é se um ETF de SOL nos EUA pode gerar uma demanda duradoura que permita à Solana superar o Ether tanto em preço quanto em fundamentos.

Antes de abordar isso, é importante contextualizar.

O que os ETFs de ETH mudaram, e o que não mudaram

Os ETFs spot de Ether começaram a ser negociados nos Estados Unidos em 23 de julho de 2024. No primeiro dia, registraram cerca de US$ 1 bilhão em volume de negociação e aproximadamente US$ 107 milhões em fluxos líquidos, abrindo um canal de investimento tradicional para consultores de investimento registrados (RIAs) e instituições. No entanto, esse desempenho ainda ficou abaixo da estreia dos ETFs de Bitcoin em janeiro.

Desde então, os fluxos têm se mantido cíclicos. Até meados de 2025, o ETH passou por períodos de novas criações alternados com saídas líquidas. Entre o final de agosto e meados de setembro de 2025, relatórios mostraram novo fortalecimento, com várias semanas de entradas em produtos de Ether, elevando o total de ativos cripto sob gestão (AUM). Em resumo, os ETFs melhoraram o acesso, mas não eliminaram os ciclos de mercado.

Em alguns momentos de 2025, o Ether superou muitos criptoativos de grande capitalização, apoiado por uma demanda constante por ETFs e pela visível acumulação institucional e de tesourarias. Esse padrão sugere que, embora os ETFs não alterem os fundamentos centrais da rede, eles podem influenciar qual ativo lidera durante fases de rotação de capital.

Um aspecto de design ainda é relevante: os ETFs de ETH nos EUA foram lançados sem staking, o que limita seu potencial de rendimento em comparação com a posse direta de ETH nativo. A SEC está analisando ativamente propostas para permitir o staking, mas, até outubro de 2025, adiou decisões de vários emissores. Caso o staking seja permitido, mesmo que parcialmente, isso pode alterar a relação de custo-benefício entre deter ETFs e possuir o ativo diretamente.

Você sabia? As exchanges dos EUA publicam um valor patrimonial líquido indicativo (iNAV) aproximadamente a cada 15 segundos, permitindo que os traders vejam o preço de referência de um ETF ao longo do dia.

Solana hoje: uso, crescimento e riscos

No segundo trimestre de 2025, a Solana gerou mais de US$ 271 milhões em receita de rede, marcando seu terceiro trimestre consecutivo liderando todas as blockchains de camada 1 (L1) e camada 2 (L2). Em junho, os dados mostraram que a Solana igualou o número combinado de endereços ativos mensais de todas as outras L1s e L2s, um forte indicativo de alta intensidade de uso.

Em janeiro de 2025, a Solana processou US$ 59,2 bilhões em transferências de stablecoins ponto a ponto (P2P), uma recuperação acentuada em relação aos níveis baixos do final de 2024. A oferta de USDC na Solana está em aproximadamente US$ 9,35 bilhões, enquanto a oferta total de stablecoins na rede mais que dobrou no início de 2025, subindo de US$ 5,2 bilhões em janeiro para US$ 11,7 bilhões em fevereiro.

Mesmo assim, o Ethereum ainda movimentou a maior parte do valor transacionado por stablecoins no acumulado do ano, cerca de 60% até meados de 2025, mostrando que os ganhos da Solana são significativos, mas ainda não dominantes.

Custo e velocidade continuam sendo fatores centrais: taxas inferiores a um centavo, blocos a cada 400 milissegundos e alta capacidade de processamento transformaram a Solana em um polo de atividade de exchanges descentralizadas (DEX) e de contratos perpétuos, além de ser o epicentro do boom das memecoins em 2025. Esse volume reforça a liquidez, mas também concentra fluxos em segmentos especulativos.

Dois riscos estruturais merecem atenção:

  • Confiabilidade: uma paralisação de cinco horas em 6 de fevereiro de 2024 exigiu uma reinicialização coordenada e uma atualização de cliente (v1.17.20).

  • Regulação: queixas anteriores da SEC mencionaram a Solana como um valor mobiliário não registrado, uma caracterização contestada pela Solana Foundation. Os desdobramentos nesse campo continuam fortemente dependentes das decisões políticas.

Você sabia? A CME planeja vencimentos diários, mensais e trimestrais para as opções de SOL, ampliando as opções de hedge para os formadores de mercado dos ETFs. 

O que um ETF de SOL nos EUA provavelmente mudaria

  1. Acesso e fluxos: A aprovação abriria o SOL para canais tradicionais de corretoras e contas de aposentadoria utilizadas por consultores de investimento registrados (RIAs). Isso reduziria a fricção operacional para alocadores e ampliaria a base de compradores além dos ambientes nativos de cripto.

  2. Formação de mercado e hedge: Derivativos listados oferecem aos participantes autorizados (APs) e formadores de mercado ferramentas para fazer hedge de criações e resgates, além de executar operações de arbitragem ou de valor relativo. Esses mecanismos ajudam a manter os preços dos ETFs próximos ao seu valor patrimonial líquido (NAV) e sustentam a liquidez desde o primeiro dia.

  3. Caminho regulatório: Os “padrões genéricos de listagem” da SEC ampliam o acesso além de BTC e ETH, desde que os patrocinadores cumpram as regras.

  4. Sinais de demanda fora dos EUA: No Canadá, o 3iQ Solana Staking ETF (TSX: SOLQ), e na Europa, o 21Shares Solana Staking ETP (SIX: ASOL), já mostram que instrumentos de investimento regulamentados da Solana conseguem atrair interesse de investidores.

Você sabia? Na Europa, as criptomoedas não podem ser incluídas em ETFs do tipo UCITS (Fundos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários), por isso os emissores utilizam ETPs. É por isso que o termo “ETP” aparece nos tickers da SIX e da London Stock Exchange (LSE).

SOL realmente pode superar o ETH?

Cenário otimista (de seis a doze meses após a aprovação):

Um ETF spot de SOL lançado nos EUA, com forte criação líquida inicial, poderia superar o Ether em retorno total.

Dois fatores principais:

  1. Acesso ampliado: RIAs e corretoras ganham exposição sob os novos padrões genéricos de listagem.

  2. Melhoria na mecânica de mercado: Spreads mais ajustados e maior capacidade, à medida que os APs fazem hedge via futuros e opções de Solana listados na CME.

Cenário base:

Mesmo que o ETF de SOL tenha um início forte, os fluxos podem voltar a refletir o apetite geral por risco. O Ether mantém uma vantagem estrutural institucional, graças à sua trajetória mais longa, maior familiaridade entre alocadores e um ecossistema consolidado. As oscilações semanais nos fluxos de fundos de cripto mostram que o desempenho relativo tende a ser volátil, e não necessariamente favorável ao SOL.

Cenário pessimista:

Atrasos no cronograma ou dúvidas sobre elegibilidade dentro do arcabouço regulatório da SEC podem reduzir as expectativas. Além disso, a liquidez pode enfraquecer, e os APs podem operar com volumes menores, mesmo com derivativos disponíveis, limitando novas criações. Nesse cenário, a Solana ficaria atrás do Ether, que já se beneficia de uma distribuição mais madura.

Vale notar também que alguns reguladores expressaram preocupação com a redução da análise caso a caso sob os novos padrões genéricos de listagem, o que adiciona incerteza regulatória para ativos além do Bitcoin e do Ether.

O que observar

Se um ETF spot de SOL for aprovado nos EUA, a verdadeira história será o que acontecer depois.

Os principais sinais a acompanhar são simples: as criações e resgates mostram demanda consistente? O open interest e a atividade de opções da CME aumentam a liquidez? As métricas on-chain, como número de usuários ativos, receita com taxas, liquidação de stablecoins e crescimento de desenvolvedores, se mantêm além dos picos especulativos? Se esses indicadores avançarem juntos, as chances do SOL superar o ETH aumentam significativamente.

Um ETF da Solana removeria um grande gargalo de acesso e chegaria com uma infraestrutura de mercado mais robusta do que em ciclos anteriores. Ainda assim, o Ether já provou ser capaz de atrair bilhões por meio de ETFs, enquanto consolida sua posição como referência institucional.

O ETH continua sendo o ativo de referência, e seus fluxos embora cíclicos, demonstram sua força. Se a Solana realmente superar o Ether, isso dependerá menos do entusiasmo do mercado e mais de os fluxos dos ETFs se converterem em adoção on-chain sustentável.

Este artigo não contém aconselhamento ou recomendações de investimento. Toda decisão de investimento ou negociação envolve riscos, e os leitores devem realizar suas próprias pesquisas antes de investir.