Os mineradores de Bitcoin (BTC) levantaram US$ 11 bilhões em dívida conversível — títulos corporativos que podem ser convertidos em ações — ao longo do último ano, em meio à mudança estratégica para data centers de IA.

Desde o halving do Bitcoin em abril de 2024, que reduziu pela metade a recompensa de bloco, os mineradores completaram 18 emissões de títulos conversíveis, segundo o portal TheMinerMag.

O valor médio das emissões mais que dobrou, com empresas como MARA, Cipher Mining, IREN e TeraWulf cada uma levantando US$ 1 bilhão em uma única operação. Algumas ofertas apresentaram cupons tão baixos quanto 0%, sinalizando a disposição dos investidores em abrir mão de juros em troca de potencial valorização acionária.

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Emissões de títulos conversíveis entre julho de 2024 e outubro de 2025. Fonte: TheMinerMag

A maioria das emissões de títulos conversíveis de mineradoras no ano anterior variava entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões.

A indústria de mineração diversificou suas operações para data centers de IA a fim de compensar a queda de receita após o halving de abril de 2024. O setor continua enfrentando desafios estruturais ligados à tokenomics, políticas comerciais, problemas na cadeia de suprimentos e custos crescentes de energia.

Mineradoras se preparam para guerra de hashrate e operações famintas por energia

A dívida das mineradoras aumentou 500% no último ano, totalizando US$ 12,7 bilhões, segundo um relatório recente da gestora VanEck.

Os analistas da VanEck Nathan Frankovitz e Matthew Sigel apontaram que esses níveis de endividamento refletem um problema estrutural da indústria — altos gastos de capital (capex) com hardware de mineração, que precisa ser atualizado com frequência anual em alguns casos.

“Historicamente, os mineradores dependiam dos mercados de ações, e não de dívida, para financiar esses custos elevados de capital”, escreveram os analistas, chamando o custo de atualização constante do hardware de “cubo de gelo derretendo”.

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A taxa de hash da rede Bitcoin continua a aumentar.

O hashrate do Bitcoin — a quantidade total de poder computacional que protege a rede — continua crescendo, forçando os mineradores a gastar mais recursos computacionais e energéticos com o passar do tempo.

Em outubro, o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, propôs uma mudança regulatória na Comissão Federal de Regulação de Energia (FERC) que permitiria que data centers e mineradoras se conectassem diretamente às redes elétricas.

Essa medida permitiria que essas aplicações de alto consumo energético atendessem suas necessidades diretamente, atuando também como recursos de carga controlável — ajudando a equilibrar e estabilizar a infraestrutura elétrica durante períodos de alta demanda e reduzindo o consumo em momentos de baixa.