Ex-membro da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) dos EUA e escolhido do presidente Donald Trump para presidir a agência, Brian Quintenz, pode não passar por uma votação no Senado após relatos de que Trump estaria considerando outros candidatos para o cargo.
De acordo com uma reportagem da Semafor publicada na quarta-feira, o governo Trump estaria avaliando Josh Sterling, ex-diretor da divisão de participantes de mercado da CFTC, para presidir a agência, já que a nomeação de Quintenz teria travado.
Sterling, que trabalhou na CFTC de 2019 a 2021, foi nomeado para sua função durante o primeiro governo Trump e não enfrentou votação no Senado. Atualmente, ele é sócio do escritório internacional de advocacia Milbank.
Outros candidatos citados para assumir o órgão regulador financeiro incluíam Mike Selig, conselheiro-chefe da força-tarefa de cripto da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e assessor do presidente da SEC, Paul Atkins. Tyler Williams, conselheiro do secretário do Tesouro Scott Bessent e ex-chefe global de políticas da Galaxy Digital, também estaria entre os nomes considerados.
Quintenz, nomeado por Trump em fevereiro para chefiar a CFTC, participou de uma audiência em junho no Comitê de Agricultura do Senado e era esperado que fosse votado no final de julho, antes do recesso da casa. No entanto, a Casa Branca solicitou que o comitê adiasse a análise da indicação, sem fornecer explicações.
Desde 3 de setembro, após a saída da comissária Kristin Johnson, a liderança da CFTC passou a ser ocupada apenas pela presidente interina Caroline Pham. Segundo Sterling, que em junho escreveu um artigo no Bloomberg Law junto de sua colega de Milbank, Amanda Olear, a saída de comissários de um dos reguladores financeiros mais importantes dos EUA pode colocar os mercados em risco:
“Deixar um regulador essencial desfalcado coloca em risco a supervisão de mercados financeiros críticos para a economia dos EUA. Esses mercados são essenciais para o comércio rotineiro e, repetidamente, mostraram-se um importante amortecedor de riscos financeiros. Não faz absolutamente nenhum sentido deixar sua supervisão em dúvida.”
Em uma carta enviada em 12 de setembro a autoridades da CFTC e do Tesouro, Sterling também criticou a agência sob comando de Pham por “abuso, má gestão e desperdício” em defesa de um cliente de Milbank.
Os Winklevoss estão influenciando a escolha de Trump para a CFTC?
Cameron e Tyler Winklevoss, cofundadores da exchange de criptomoedas Gemini, apoiaram Trump durante a campanha de 2024 ao contribuir com US$ 2 milhões em Bitcoin (BTC). Eles continuaram apoiando financeiramente a agenda cripto do presidente, doando US$ 21 milhões em BTC para um comitê de ação política pró-Trump em agosto.
Seja por apoio financeiro ou por declarações públicas favoráveis, os gêmeos Winklevoss parecem ter, ao menos, alguma influência sobre a política cripto vinda da Casa Branca. Eles participaram, em julho, da cerimônia de assinatura do projeto de lei de stablecoins do presidente, o GENIUS Act, e teriam pressionado Trump a adiar a votação de Quintenz no Senado.
Em 10 de setembro, Quintenz apresentou evidências que reforçariam os relatos de que os irmãos estariam pressionando Trump por outro candidato à CFTC. Ele divulgou mensagens de texto trocadas com os dois nas redes sociais, sugerindo que a Gemini buscava garantias específicas sobre medidas de fiscalização da CFTC caso o Senado confirmasse sua nomeação.
Apesar de uma carta enviada a Trump por várias associações de criptomoedas e blockchain defendendo a confirmação de Quintenz, sua possível liderança na CFTC permanece incerta. Até quarta-feira, o calendário do Comitê de Agricultura do Senado não apresentava nenhuma audiência marcada para analisar sua nomeação.