O Bradesco decidiu entrar de vez no mundo das criptomoedas. De acordo com uma reportagem de Aline Fernandes, para o Beincrypto, o banco já iniciou testes com stablecoins e deve realizar em breve sua primeira transação entre empresas. O projeto não envolve uma moeda própria, mas sim a utilização de um token estável de mercado com foco em liquidações internacionais.
A iniciativa marca uma mudança importante no posicionamento da instituição. De acordo com Renata Petrovic, líder do Inovabra e head de inovação do Bradesco, o piloto mira operações de comércio exterior, e não o varejo. “A primeira transação deve acontecer em breve”, confirmou ela ao portal BeInCrypto.
Na reportagem, Renata explicou que o objetivo principal do uso das stablecoins está na agilidade e fluidez nas liquidações. A executiva destacou que esse tipo de ativo digital já apresenta vantagens evidentes sobre sistemas tradicionais como o SWIFT, usado atualmente para pagamentos interbancários internacionais.
Segundo ela, o modelo pode até substituir o SWIFT no futuro, mas ainda enfrenta desafios técnicos, como a mensageria descentralizada. “Esse ponto ainda não foi completamente resolvido”, explicou.
Em dezembro de 2024, o Bradesco lançou um projeto piloto para uso de stablecoins em transações internacionais, utilizando a USDC, stablecoin pareada ao dólar americano. A iniciativa, realizada em parceria com a empresa de infraestrutura em blockchain Parfin, visa aumentar a eficiência e reduzir custos para exportadores.
A iniciativa do Bradesco se soma a outras do setor. O Itaú, por exemplo, também avalia lançar uma stablecoin própria. Essa movimentação evidencia o interesse crescente dos grandes bancos brasileiros por ativos digitais como forma de modernizar o sistema financeiro.
Aprendizados do Drex e plano para o Bitcoin
Paralelamente aos testes com stablecoins, o Bradesco também participa do piloto do Drex, o real digital do Banco Central. A instituição está testando dois produtos: um voltado para empréstimos com garantias tokenizadas e outro para debêntures digitais.
Renata ressaltou que o programa trouxe aprendizados importantes. No entanto, destacou desafios como privacidade, escalabilidade e segurança. “Ainda não encontramos soluções completas para esses pontos”, admitiu.
A executiva também apontou que o sucesso do Pix criou grandes expectativas para o Drex. Com mais de 168 milhões de usuários ativos, o Pix elevou o nível de exigência da população quanto a sistemas de pagamentos digitais. “A pressão agora é para garantir uma rede escalável e segura com o Drex”, afirmou.
Questionada sobre a oferta direta de criptomoedas como o Bitcoin, Renata foi clara: “O Bradesco está tecnologicamente habilitado”. Ela ainda lembrou que o banco já possui um fundo de investimento em cripto, distribuído pela Ágora, com base no índice da Hashdex.
Além disso, em dezembro de 2024, o Bradesco anunciou planos para implementar identidade digital descentralizada em blockchain até 2025. A tecnologia visa simplificar processos como abertura de contas e contratação de seguros, além de melhorar a experiência em serviços de saúde.
No entanto, a jornada do banco no mercado começou em 2023, quando a instituição realizou sua primeira operação de tokenização, convertendo uma Cédula de Crédito Bancário (CCB) de R$ 10 milhões em um ativo digital. A transação ocorreu dentro do sandbox regulatório do Banco Central, permitindo testes de inovações financeiras em ambiente controlado.