Outubro costuma ser um dos melhores meses do Bitcoin (BTC), mas, neste ano, o BNB (BNB) roubou a cena.
O “Uptober”, termo criado para descrever os tradicionais outubros de alta do Bitcoin, começou em clima positivo, logo após o início da paralisação do governo dos Estados Unidos. Agora, com o impasse orçamentário em Washington já passando de três semanas, o otimismo diminuiu em meio às tensões comerciais e às consequências de uma liquidação histórica.
Enquanto isso, o BNB, token nativo da BNB Chain da Binance, atingiu novas máximas históricas duas vezes neste mês. A rede vive um boom no comércio de memecoins e disputa diretamente com a Hyperliquid no mercado descentralizado de futuros perpétuos por meio da sua plataforma Aster.
Apesar do BNB ter recuado após o pico, ainda acumula alta de cerca de 6% desde o início de outubro. Esses ganhos, porém, ocorrem em meio ao aumento da fiscalização sobre o suposto papel da Binance no recente crash do mercado.
BNB, temporada de memecoins e salto nos indicadores
A Solana sempre foi a rede favorita das memecoins, muito por causa da plataforma de lançamento de tokens Pump.fun. Mas, em outubro, uma nova onda de tokens da BNB Chain desafiou esse domínio.
Em 4 de outubro, uma carteira de criptomoedas supostamente transformou US$ 3.000 em US$ 2 milhões depois que o cofundador da Binance, Changpeng Zhao, publicou um post sobre uma memecoin. Esse momento marcou o início da febre de memecoins na BNB Chain.
Em 1º de outubro, a Pump.fun era responsável por 93,3% de todos os lançamentos de memecoins entre as duas plataformas. No dia do post de Zhao, essa fatia caiu para 56,2%. Uma semana depois, em 8 de outubro, a Four.meme, da BNB Chain, virou o jogo, respondendo por 83,9% dos novos lançamentos de tokens e superando a receita diária da Pump.fun. O BNB atingiu uma nova máxima histórica acima de US$ 1.300.
Durante o pico da Four.meme no início de outubro, a plataforma de análise Bubblemaps informou que 100 mil traders haviam comprado novas memecoins da BNB Chain, sendo 70% deles com lucro.
O impulso também elevou os indicadores mais amplos da rede. Segundo dados da Nansen, a BNB Chain liderou todas as blockchains em taxas totais na última semana, ficando em segundo lugar em endereços ativos e número de transações, mesmo com a queda da atividade on-chain no setor.
Logo depois, o mercado cripto sofreu sua maior liquidação já registrada, com US$ 19 bilhões em posições eliminadas e cerca de US$ 450 bilhões apagados da capitalização total.
Após o crash, a BNB Chain recompensou os traders de memecoins com uma rodada de airdrop de US$ 45 milhões.
Drama de dados da Aster e falha técnica da Binance
Enquanto o BNB vive um mês histórico e o Bitcoin luta para se recuperar da onda de liquidações, a Binance enfrenta novas acusações sobre seu papel na queda do mercado.
Uma das principais alegações envolve uma falha no oráculo de preços que fez o dólar sintético da Ethena (USDe) parecer ter perdido a paridade com o dólar na Binance, embora os preços em outras plataformas tenham permanecido estáveis.
O analista da Delphi Digital, Trevor King, afirmou que a Binance avaliou ativos wrapped, como wBETH, BNSOL e USDe, com base nos preços spot da própria exchange, e não em seus valores de resgate. Isso fez com que o colateral parecesse mais fraco do que realmente era. Como o oráculo da Binance servia de “referência oficial” para plataformas de negociação alavancada, o erro de precificação se espalhou. King acrescentou ainda que a queda mais ampla do mercado já havia começado antes da falha aparecer na Binance.
Após o episódio, vários usuários no X alegaram ter sofrido prejuízos devido a problemas no sistema da exchange. Um post viral, de 812.eth, citou um “amigo formador de mercado” e afirmou que ordens foram repetidamente rejeitadas enquanto os preços caíam, aumentando as perdas. A postagem foi posteriormente apagada.
A Binance negou ter sido a causa do crash, atribuindo a venda em massa às condições gerais do mercado após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar tarifas de 100% sobre importações chinesas. A exchange reconheceu que “alguns módulos da plataforma tiveram falhas técnicas temporárias” e que “determinados ativos apresentaram problemas de paridade devido à volatilidade extrema do mercado”. A Binance afirmou ter distribuído US$ 283 milhões em compensações. Mesmo assim, o BNB voltou a subir, atingindo uma nova máxima histórica de US$ 1.370 em 13 de outubro.
Naquele dia, a Hyperliquid foi a principal plataforma em liquidações. A exchange descentralizada (DEX) de futuros perpétuos de rápido crescimento agora enfrenta concorrência da Aster, da BNB Chain.
Em 6 de outubro, a Aster liderou todas as DEXs perpétuas, com impressionantes US$ 41,78 bilhões em volume de negociação em 24 horas. No entanto, a DefiLlama posteriormente removeu seus dados, citando preocupações sobre a integridade das métricas. Embora a plataforma tenha sido relistada discretamente, o fundador da DefiLlama, 0xngmi, afirmou que os números ainda não podem ser verificados.
BNB transforma o “Uptober” do Bitcoin em sua própria vitória
Outubro tradicionalmente pertence ao Bitcoin, mas, neste ano, os holofotes se voltaram para o ecossistema da Binance.
Uma onda de negociações de memecoins, novos incentivos e a ascensão da Aster impulsionaram o BNB a recordes históricos, contrariando um mercado pressionado por liquidações massivas e tensões comerciais internacionais.
Enquanto o Bitcoin enfrenta seu pior outubro em mais de uma década, a atividade da rede e a geração de taxas da BNB Chain continuam em alta.
O momento, porém, não está isento de polêmicas. A Binance volta a ser alvo de escrutínio por causa da falha em seu oráculo de preços, reacendendo o debate sobre o quanto seu ecossistema é realmente centralizado.
A breve remoção da Aster da DefiLlama apenas aumentou o ceticismo sobre a confiabilidade dos números. Ainda assim, mesmo com essas falhas aparentes, o BNB transformou um mês morno para o mercado cripto em um dos seus melhores desempenhos do ano.