A BNB Chain passará por uma atualização no dia 15 de junho, chamada de Luban, que implementará três propostas de melhoria na rede. Arnaud Bauer, arquiteto de soluções sênior da BNB Chain, conta ao Cointelegraph Brasil que as mudanças tornarão a BNB Chain mais segura, mais confiável e mais descentralizada.
Sem mais ‘reorgs’
Na BNB Chain, as propostas de melhoria são conhecidas pela sigla em inglês BEP, que significa “Proposta de Evolução da Binance Smart Chain”. A BEP-126 é uma das propostas que serão implementadas com a atualização Luban, e seu objetivo é dar rápida finalidade à blockchain. Isso pode beneficiar os usuários, já que a melhoria pode impactar, ainda que indiretamente, na velocidade das transações.
“Embora não aumente diretamente a velocidade das transações, a finalidade garante que as transações sejam incluídas de forma rápida e permanente após serem confirmadas, reduzindo a necessidade de múltiplas confirmações”, explica Bauer. Ele acrescenta que, após confirmadas, as transações serão irreversíveis, dando maior confiança aos usuários em suas interações com a BNB Chain.
Finalidade é o nome dado ao momento em que as transações realizadas com criptoativos não podem ser mais alteradas. Problemas na finalidade de uma blockchain podem acarretar na reorganização de blocos, cenário conhecido pelo termo ‘reorg’. Um reorg ocorre quando nós recebem blocos de uma nova cadeia de blocos, enquanto a antiga cadeia ainda existe, fazendo com que os nós fiquem fora de sincronia.
Reorgs de poucos blocos não são incomuns, mas não afetam diretamente os usuários. Quando o número de blocos reorganizados cresce, no entanto, a usabilidade da rede é comprometida. Em fevereiro deste ano, a Polygon sofreu um reorg de 157 blocos, que corresponde a cinco minutos de atividade da rede. Como resultado, a rede parou de produzir blocos, e centenas de transações foram afetadas, segundo estimativas.
Por isso, através da BEP-126, a BNB Chain busca tornar impossível a ocorrência desses reorgs, tornando-se resistente a ataques, afirma Arnaud Bauer. Além disso, a BEP-126 também traz melhorias para os investidores de criptomoedas que interagem com as finanças descentralizadas (DeFi), conta.
Com a finalidade mais rápida, operações podem ser processadas de forma mais ágil e eficiente, beneficiando exchanges descentralizadas e outras aplicações em DeFi presentes no ecossistema da BNB Chain, completa o arquiteto da BNB Chain.
Mais segurança nas pontes
Em 6 de outubro do ano passado, a ponte da BNB Chain teve uma vulnerabilidade explorada, permitindo ao hacker emitir US$ 586 milhões. O prejuízo foi drasticamente reduzido, pois a rede foi paralisada e o autor do ataque não conseguiu mover boa parte do que foi roubado. Mesmo assim, o incidente deixou a equipe por trás da segurança da BNB Chain em alerta.
Nesse sentido, outra importante melhoria a ser implementada através do Luban é a criação de ‘gestores’ para os relayers, proposta através da BEP-174. Relayers funcionam como mensageiros que auxiliam na transferência de tokens entre blockchains através de pontes.
Cada gestor será responsável por um relayer, diz Bauer, o que acrescenta uma camada maior de segurança e reduz o risco de que uma nova vulnerabilidade seja explorada. Os gestores serão escolhidos através de votações realizadas junto à comunidade da BNB Chain.
A principal mudança trazida por essa BEP, diz o arquiteto de soluções sênior da BNB Chain, é o poder que um gestor tem de alterar as chaves públicas do relayer em caso de ataque. Isso dificultaria a saída de ativos, aumentando a segurança do sistema.
“Ao descentralizar o controle dos relayers e melhorar a governança e responsabilidade, a BEP-174 tem como objetivo tornar mais seguras as bridges do ecossistema da BNB Chain”, conclui Bauer.
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