O bloco gênese, minerado em 3 de janeiro de 2009, deu o pontapé inicial no funcionamento do Bitcoin (BTC). Em 31 de outubro de 2008, porém, também acontecia algo importante para a história da maior criptomoeda em valor de mercado: a publicação de seu white paper.

Foi por meio de uma lista de disparo de e-mails que o documento “A Peer-to-Peer Electronic Cash System” começou a circular pela internet. Naquele dia, uma ideia ganhou corpo. Após 14 anos, essa mesma ideia é um ativo com quase US$ 400 bilhões em valor de mercado.

Bitcoin em 14 anos

As narrativas sobre o Bitcoin mudaram drasticamente com o passar dos anos. O ‘dinheiro de computador’, que foi apresentado a uma comunidade apaixonada por tecnologia e ideais libertários, chamou a atenção do mainstream em menos de dez anos depois que sua primeira menção foi feita na internet.

Dos menos de 100 endereços ativos vistos no início de 2010, o Bitcoin ultrapassou 1,3 milhão nesta métrica em abril de 2021. Do preço mirrado, onde eram necessários 10.000 BTC para comprar duas pizzas, o Bitcoin atingiu primeiro a máxima histórica de US$ 20 mil, para então chegar a quase US$ 69 mil menos de quatro anos depois.

Nesse meio tempo, o mercado nichado do Bitcoin passou a figurar em derivativos de duas das maiores corretoras tradicionais do mundo, e também em fundos de investimento, até mesmo aqueles negociados na bolsa (ETFs). Portais de notícia, que nem sequer lembravam que o criptoativo existia, passaram a publicar sobre todo o ecossistema que o Bitcoin fez florescer.

O caminho, porém, não foi feito apenas de flores. O Bitcoin foi barrado, mais de uma vez, em uma das maiores economias do mundo. O criptoativo foi também declarado morto 464 vezes. A criação de Satoshi Nakamoto foi muitas vezes classificada como apenas uma ferramenta para lavar dinheiro, ainda que dados apontassem o contrário.

Mais do que isso, o Bitcoin levou esperança a lugares e pessoas. Fez pessoas na América Latina se protegerem de moedas cujo valor derretia, tornou-se doações em momentos difíceis (quando a moeda fiduciária não podia ser usada), apresentou serviços financeiros a pessoas desbancarizadas desde o nascimento. 

A criptomoeda de apenas alguns investidores se tornou o ativo de algumas empresas. Tornou-se, então, a criptomoeda de algumas empresas de capital aberto. Agora, o Bitcoin já é a criptomoeda aceita como moeda de curso legal em um país. Por enquanto, talvez?

O Bitcoin fez o que foi criado para fazer: deu liberdade financeira a quem resolveu guardá-lo na carteira.

O que representa para quem tem?

Felipe Escudero, apresentador do canal BitNada e cofundador do Cripto Select, avalia que a liberdade do Bitcoin vai além da esfera financeira. Para Escudero, a liberdade do Bitcoin tem a ver com governança.

“O único sistema não vertical – isto é, de cima para baixo – de governança que temos na história. Não dependemos mais de um banco central ou país para termos uma economia funcionando. Isso é disruptivo. E estamos vivendo esse momento!”

O que começou como uma forma de reduzir o poder que os bancos possuem de imprimir mais dinheiro é agora uma “grande revolução que está só no começo”. É no que acredita Marcello Paz, também cofundador do Cripto Select e fundador do canal do YouTube que leva seu nome. 

“Após 14 anos estudando o Bitcoin, ainda é possível, pelo menos para mim, ficar surpreso com a genialidade dessa tecnologia. Principalmente se considerarmos que, desde o bloco gênese, o Bitcoin funciona sem grandes alterações”, diz Paz.

Para Rony Szuster, analista do MB Research, ver um texto tão sucinto e técnico, como o white paper do Bitcoin, revolucionar o mundo “é incrível”. Ele comenta até mesmo os impactos que o Bitcoin teve no mundo, abrindo o caminho para a implementação de novas tecnologias, como o Ethereum e os contratos inteligentes.

“A tecnologia blockchain, por não ter intermediários, é muito poderosa, e as pessoas foram descobrindo aos poucos isso”, avalia Szuster. “A publicação do white paper é uma data muito feliz para o mundo cripto.”

Em apenas 14 anos, o Bitcoin já se tornou sinônimo de inovação e liberdade no sistema financeiro. O que será que os próximos 14 anos reservam?

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