O Bitcoin (BTC) pode mostrar, neste mês, seu melhor desempenho em janeiro desde 2013. Apesar da correção de 4,8% no momento da escrita desta matéria, o BTC registra valorizações no acumulado semanal pela quarta vez consecutiva. 

Um evento importante, contudo, pode mudar o destino do Bitcoin no curto prazo: a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). No dia 1º de fevereiro, o FOMC revelará o próximo aumento na taxa básica de juros dos Estados Unidos. O resultado pode influenciar de forma significativa, tanto positiva quanto negativamente, o desempenho dos ativos de risco.

Alta ameaçada

O mercado espera que o FOMC decida aumentar a taxa básica de juros dos EUA em 0,25%, sinalizando uma postura mais branda após a queda nos números da inflação. A expectativa foi criada pelo entendimento de que o Fed está mais próximo do fim de seu ciclo de alta de juros do que do início, diz Nathan Valadares, COO da Viden Ventures.

Uma quebra nessa, porém, pode ter um impacto negativo no mercado de ativos de risco no geral, incluindo as criptomoedas. “Um aumento de 0,5% pode ser interpretado como uma mensagem agressiva do Fed, demonstrando que a instituição ainda identifica preocupações relevantes com a economia e que o ciclo contracionista ainda pode perdurar”, avalia Valadares. Esse movimento, acrescenta, pode colocar um fim na alta atual das criptos.

Os momentos em que as taxas básicas de juros estão em alta, especialmente nos Estados Unidos, são desfavoráveis para ativos de risco. Com o aumento dos juros, títulos da renda fixa, como dívidas do tesouro estadunidense, oferecem uma rentabilidade atrativa com um baixíssimo nível de risco.

Além disso, Valadares afirma que o dia antecedente ao anúncio do FOMC é, no geral, marcado por alta volatilidade. “Geralmente os movimentos de alta ou de baixa são intensos e não trazem um direcional claro, sendo mais prudente evitar transações no período, caso o investidor seja inexperiente.”

O que esperar?

É normal que as movimentações de preço do Bitcoin tentem ser previstas a partir da teoria dos “Ciclos de Quatro Anos”, que acompanham o halving. Levando esse método em consideração, o trader CoinNotes disse que a atual valorização das criptomoedas ocorre em um período semelhante ao último ciclo, que durou entre 2018 e 2021. 

No ciclo anterior, a alta durou sete semanas e, por enquanto, o presente movimento dura quatro semanas. Mesmo com as semelhanças, os contextos macroeconômicos são diferentes entre os ciclos, defende Natan Valadares. “Vivemos um período de descontrole inflacionário, acompanhado por elevadas taxas de juros, situação oposta ao último ciclo de alta do Bitcoin.”

Por isso, o COO da Viden Ventures avalia que é difícil dizer se uma alta nos juros dentro do esperado pode impulsionar a boa performance do mercado de criptomoedas em mais semanas. Além disso, ele afirma que o aumento de 0,25% já está precificado, fazendo com que somente uma postura expressa e positiva do Fed em relação à economia dê forças ao movimento atual.

“É importante destacar, ainda, que vivemos a primeira recessão global desde a criação do Bitcoin em 2009. Dessa forma, ainda não temos um histórico que nos ajude a prever como o mercado de criptoativos reagirá”, conclui Valadares.

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