Resumo da notícia

  • Bitcoin lateraliza antes da decisão crucial do Fed.

  • ETFs superam 1,1 milhão de BTC acumulados.

  • Especialistas projetam retomada forte em dezembro.


O mercado cripto inicia essa segunda semana de dezembro em lateralização, com o Bitcoin (BTC) negociado na casa dos US$ 92 mil. Após a forte volatilidade do final de novembro, o mercado se acalmou, exaurindo a pressão vendedora de curto prazo, mas demonstrando hesitação em engatar um rali sustentado antes de eventos macroeconômicos cruciais.

Para Guilherme Prado, country manager da Bitget, a principal força motriz do mercado continua sendo a expectativa de alívio na política monetária dos EUA. O mercado mantém a alta probabilidade de um corte de 25 pontos-base nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) na sua próxima reunião - prevista para essa semana. Essa expectativa de liquidez é o colchão que impede uma queda maior dos ativos de risco e sustenta o apetite por investimentos em cripto.

Segundo ele, apesar da lateralização dos preços, o interesse institucional pelo setor segue em ritmo acelerado. Os ETFs de Bitcoin à vista nos EUA ultrapassaram a marca de 1,1 milhão de BTC acumulados, um marco simbólico, detendo agora mais BTC do que a quantidade estimada do criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto. Isso consolida o BTC como uma classe de ativos acessível à finança tradicional.

Olhando para o gráfico, a resistência chave para o ativo se encontra na faixa dos US$ 95.000. Um rompimento acima deste nível é fundamental para retomar o caminho de seis dígitos. Já o suporte principal fica concentrado na zona dos US$89.000 - US$87.000, onde o mercado defendeu a queda na semana anterior”, destaca Prado.

O analista defende que no curto prazo, espera-se continuação da lateralização na faixa de US$91.000 a US$93.500, com o mercado aguardando a decisão do Fed e o fluxo de capital pós-reunião.

Se o Fed confirmar o corte de juros e o fluxo institucional de ETFs de BTC/ETH permanecer positivo, o caminho para US$100.000 e, posteriormente, US$126.000 está reaberto. A manutenção acima de US$89.000 é vital”, afirma.

Retomada e nível chave

Na mesma linha, Paulo Camargo, embaixador da OKX e cofundador da Underblock, a reabertura do governo americano e a sinalização de encerramento do ciclo de aperto monetário pelo Federal Reserve podem trazer alívio moderado para a liquidez. Esse movimento tende a criar espaço para um repique, desde que o mercado confirme retomada de demanda.

Na avaliação de Camargo, monitorar o apetite dos investidores será determinante. Ao longo de novembro, tanto detentores de longo prazo quanto ETFs americanos contribuíram para pressão vendedora. Assim, a leitura de indicadores on-chain ganha protagonismo: sinais de volta da acumulação por holders e de entradas líquidas em ETFs seriam pistas claras de normalização da demanda e de possível recuperação em tração.

O Bitcoin segue como principal referência do mercado. Para Camargo, uma virada mais consistente só deve ser validada se o ativo se firmar acima da região de US$ 116 mil; caso contrário, o mercado ainda pode manter resquícios de tendência de baixa, especialmente se o BTC não recuperar de forma convincente os US$ 100 mil.

Em um eventual cenário positivo, ativos de maior beta podem se destacar: Ethereum (ETH) tende a acompanhar o movimento e tokens voltados a volatilidade, como Hyperliquid (HYPE), podem apresentar maior retorno no curto prazo.

A leitura é reforçada por André Sprone, LATAM Growth Manager da MEXC, que destaca o BTC como “termômetro” central do apetite a risco. Após novas máximas em outubro e correção forte em novembro, associada a saídas relevantes dos ETFs spot e a maior aversão global a risco, o comportamento do Bitcoin em dezembro deve indicar se houve apenas uma realização saudável do ciclo ou se a correção pode se estender.

Sprone também chama atenção para altcoins com fundamentos sólidos. O Ethereum (ETH) permanece como infraestrutura central de DeFi, NFTs e tokenização, beneficiado por upgrades recentes que reduziram custos e ampliaram escalabilidade.

A Solana (SOL) se consolidou como rede de alta performance, com tração em DeFi, NFTs e apps de usuário final, mantendo relevância em TVL, volume e endereços ativos. Entre as teses do momento, a tokenização de ativos do mundo real ganha força, favorecendo a Chainlink (LINK), vista como infraestrutura crítica de oráculos e conectividade para RWA. Já a Ondo Finance (ONDO) aparece como um dos principais representantes dessa narrativa, com foco em Treasuries tokenizados e expansão institucional.

Na mesma direção, Guilherme Fais, Head de Finanças da NovaDAX, avalia que a forte volatilidade recente tem levado investidores a buscar ativos com liquidez, fundamentos e participação institucional. Além de BTC e ETH, Fais aponta outras quatro criptomoedas com potencial para a reta final do ano: Solana (SOL), pela resiliência do ecossistema e histórico de reação rápida em retomadas.

Chainlink (LINK), pelo benefício direto da expansão de RWA e infraestrutura usada por instituições financeiras. PAX Gold (PAXG), como alternativa defensiva lastreada em ouro físico, atraente para preservação de capital em períodos instáveis. (E reforça ONDO e a tese de tokenização como tema dominante)