A exchange de criptomoedas Binance adicionou novos recursos à sua interface de programação de aplicativos (API), indicando que a plataforma está se preparando para introduzir capacidades de negociação de ações.
O changelog da Binance observa que, na quinta-feira, a exchange introduziu três novos endpoints de API, um dos quais — com uma URL que inclui stock/contract — permite que os usuários “assinem um contrato de acordo TradFi-Perps”. Os outros dois endpoints introduzidos no mesmo dia permitem que os usuários consultem “agendas de sessões de negociação para um período de uma semana” ou “informações sobre a sessão de negociação atual.”
Juntos, esses recursos sugerem que a Binance está planejando introduzir negociação de futuros perpétuos em sua plataforma. Os endpoints de agenda de negociação existentes também sugerem que as operações provavelmente ocorrerão em sessões, como nas finanças tradicionais, em vez de seguir a natureza 24/7 do mercado cripto.
Isso segue o lançamento de ações tokenizadas da Binance em 2021, uma iniciativa de curta duração. Após o anúncio no final de abril, a Binance interrompeu as vendas de ações tokenizadas apenas alguns meses depois, em meados de julho de 2021, depois de atrair a atenção de reguladores.
A Binance reconheceu o pedido de comentário do Cointelegraph, mas não havia respondido até a publicação.
Ações tokenizadas estão em alta
A iniciativa da Binance segue uma série de esforços semelhantes de empresas tanto das finanças tradicionais quanto do setor cripto, levando a tokenização de ações das margens para o centro das finanças. Relatórios de sexta-feira indicam que a principal exchange cripto dos EUA, Coinbase, está a poucos dias de revelar sua entrada em ações tokenizadas e mercados de previsão.
No entanto, nem todos estão entusiasmados com a forma como a tokenização de ações está sendo implementada. A formadora de mercado Citadel Securities causou alvoroço no início deste mês ao recomendar que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) endurecesse as regras de negociação de ações tokenizadas em plataformas de finanças descentralizadas (DeFi).
Segundo a empresa, desenvolvedores de DeFi, programadores de contratos inteligentes e provedores de carteiras de autocustódia não deveriam receber “isenção ampla” para oferecer negociação de ações tokenizadas dos EUA. A Citadel argumentou que as plataformas DeFi provavelmente se enquadram nas definições de “exchange” ou “corretora” e devem ser regulamentadas conforme a legislação de valores mobiliários.
A empresa também afirmou que permitir que essas plataformas operem sem regulamentação “criaria dois regimes regulatórios separados para a negociação do mesmo valor mobiliário.” A Federação Mundial de Bolsas (WFE) também argumentou, no final de novembro, que a SEC não deveria conceder isenções amplas a empresas que lançam ofertas de ações tokenizadas.
A WFE afirmou que a tokenização “é provavelmente uma evolução natural dos mercados de capitais” e que é “pró-inovação.” Ainda assim, a organização argumentou que isso “deve ser feito de forma responsável, sem colocar investidores ou a integridade do mercado em risco.”
Os comentários vieram após a chegada das ações tokenizadas não apenas às exchanges centralizadas, mas também ao ecossistema DeFi. No final de junho, mais de 60 ações tokenizadas foram lançadas em plataformas DeFi baseadas na Solana, bem como nas exchanges cripto Kraken e Bybit.
Nem todo o setor tradicional vê problema
Outros players das finanças tradicionais parecem adotar a abordagem “se não pode vencê-los, junte-se a eles.”
No mês passado, o chefe de estratégia de ativos digitais da Nasdaq, Matt Savarese, disse que a bolsa está priorizando a aprovação pela SEC de sua proposta para oferecer versões tokenizadas de ações listadas na exchange.
A corrida se intensificou depois que foi relatado que a SEC está desenvolvendo um plano para permitir que versões registradas em blockchain de ações sejam negociadas em exchanges de criptomoedas até o final de setembro.
O presidente da SEC, Paul Atkins, recentemente descreveu a tokenização como uma “inovação” que a agência deve buscar promover, não restringir. A SEC emitiu uma carta de “não ação” na quinta-feira para uma subsidiária da Depository Trust and Clearing Corporation especializada em tokenizar valores mobiliários, indicando que o órgão pretende permitir que a empresa ofereça um novo serviço de tokenização de mercado de valores mobiliários.
