As empresas de tesouraria em Bitcoin estão em alta, e a África agora tem sua primeira companhia negociando na Bolsa de Joanesburgo. Enquanto o lançamento da Africa Bitcoin Corporation promete atrair bilhões de rands sul-africanos dos mercados de capitais, seus fundadores acreditam que o verdadeiro impacto do Bitcoin no continente está na adoção de base, no varejo.
A Altvest Capital da África do Sul ganhou manchetes ao se rebatizar como Africa Bitcoin Corporation (ABC), a primeira empresa de capital aberto a construir ativamente uma tesouraria em Bitcoin (BTC) no continente.
A empresa tem como meta de longo prazo levantar US$ 210 milhões para comprar Bitcoin por meio de ofertas de ações preferenciais e notas de dívida estruturadas, no modelo da britânica Smarter Web Company. A Altvest anunciou sua guinada para o Bitcoin em fevereiro.
Falando com exclusividade no Chain Reaction do Cointelegraph, transmitido ao vivo no X, o presidente da ABC, Stafford Masie, e o CEO Warren Wheatley detalharam a criação da empresa.
"In Africa, when financial services don't work, people die. We live that reality. So when we approach Bitcoin, we approach Bitcoin from a real human necessity, life-saving perspective."@staffordmasie outlined why Bitcoin is so powerful for countries grappling with… pic.twitter.com/E24Pek9DnU
— Gareth Jenkinson (@gazza_jenks) September 10, 2025
O negócio de serviços financeiros listado anteriormente focava em ajudar empreendedores e pequenas empresas a acessar capital por meio da bolsa de Joanesburgo, usando instrumentos listados. Wheatley afirmou que o objetivo era enfrentar a “disfunção” dos mercados globais de capitais, onde pequenos players não têm a mesma capacidade de atrair investimentos.
Como o Bitcoin se encaixa nesse cenário? Wheatley disse que é uma “evolução natural”, descrevendo o BTC como o “ativo alternativo definitivo” que fortaleceria o balanço da companhia.
Masie acrescentou que deter Bitcoin permitirá à ABC continuar investindo e ajudando pequenas empresas na África do Sul a levantar capital, oferecendo serviços financeiros respaldados em BTC, como crédito, poupança e produtos estruturados.
“No contexto de todas essas empresas de Bitcoin, não somos uma pure play. Temos um negócio operacional com imensas oportunidades. Acho que essa estratégia com Bitcoin nos dá mais força em relação a isso”, disse Masie.
A proposta de valor do Bitcoin resolve problemas africanos
O princípio de adotar uma reserva em Bitcoin está diretamente ligado à realidade de muitos países em desenvolvimento: moedas locais em desvalorização e preocupações inflacionárias.
Masie disse que, enquanto investidores na Europa, América e Oriente Médio veem o BTC como um ativo alternativo, nos países em desenvolvimento ele tem enorme valor como meio de troca e reserva de valor.
“Na África, quando os serviços financeiros não funcionam, pessoas morrem. Nós vivemos essa realidade. Essa é a nossa identidade. Então, quando abordamos o Bitcoin, é a partir de uma necessidade humana real, de sobrevivência”, afirmou Masie.
Do ponto de vista sul-africano, incertezas políticas, fraudes e corrupção são desafios diários. Masie explicou que o aumento nos custos de itens essenciais, como comida, água e energia, é sintoma da disfunção monetária, não apenas política.
“O dinheiro é que está quebrado, não a sociedade. Seus mantimentos não estão mais caros; o dinheiro é que está mais fraco”, disse Masie.
Para a ABC, a jogada não é “apenas uma oportunidade de instrumento financeiro”, mas uma história humana.
“Se acertarmos, podemos resolver muitos problemas que são intrínsecos à proposta de valor do Bitcoin. Por isso dizemos que o Bitcoin foi feito para nós.”
Masie acrescentou que, enquanto o BTC permite preservar valor muito melhor do que o rand sul-africano em dificuldades, a criação da primeira tesouraria de Bitcoin listada em bolsa na África representa uma oportunidade enorme para os mercados de capitais ganharem exposição ao ativo.
“Queremos atender tanto o indivíduo que não é cypherpunk, quanto corporações e mercados de renda fixa que querem exposição ao Bitcoin, mas têm dificuldade de acessar o ativo.”
A ABC anunciou a fase 1 de sua reserva estratégica em Bitcoin, tendo levantad