Entre 2015 e 2016, um hacker identificado como “Bandido da Blockchain” pela Chainalysis roubou mais de 10 mil investidores de criptomoedas. Na semana passada, seis anos após seu sumiço, o infame hacker moveu parte dos fundos roubados. A empresa de inteligência avalia, em uma publicação feita nesta quarta-feira (25) em seu blog, que o ‘renascimento’ se dá em razão da recente alta dos preços.
“Ethercombing” e milhões roubados
Os milhares de roubos perpetrados pelo “Bandido da Blockchain” foram possíveis através de uma técnica chamada de “Ethercombing”. A Chainalysis explica, usando uma matéria da Wired de 2019, que o Ethercombing é um processo que determina o endereço de uma chave pública caso a chave privada seja conhecida.
Com base nesse sistema, o hacker automatizou um sistema para analisar uma lista de chaves privadas fracas que poderiam estar em uso. Um dos exemplos mencionados são as chaves privadas de apenas um dígito. Ao identificar a chave, o agente malicioso cruzava os dados e drenava a carteira. Através desse método, foram drenados mais de 10 mil endereços de Ethereum (ETH), totalizando 51 mil ETH roubadas.
A valorização máxima da Ether no período dos ataques foi US$ 20,51. Desta forma, ainda que o preço máximo seja considerado, o hacker ainda teria um lucro de 7.520% se decidisse vender todas as ETH que mantém consigo na cotação atual, de US$ 1.562,96. Além do saldo em Ether, o Bandido da Blockchain também tem 470 Bitcoin (BTC).
Ao todo, as carteiras do autor do Ethercombing somam quase US$ 90 milhões. Os valores foram movidos para diferentes carteiras. “Suspeitamos que o súbito aumento na atividade está relacionado com a recente alta nos preços dos criptoativos. Continuaremos monitorando a situação e compartilharemos atualizações”, diz a Chainlaysis na publicação feita no blog da empresa.
Peixe pequeno?
A quantidade de criptomoedas roubadas foi considerável para a época dos ataques, mas os números são pequenos para os padrões atuais. Mesmo considerando a cotação atual, os quase US$ 90 milhões nem sequer colocam o Bandido da Blockchain entre os 15 maiores hacks da história do mercado cripto.
Em termos de valorização, entretanto, o resultado é um dos mais lucrativos da história. Muitos dos maiores ataques, em termos de valores subtraídos, foram realizados entre 2021 e 2022, enquanto os preços das criptomoedas ainda estavam em alta.
Um exemplo é o hack da rede Ronin que, à época, drenou US$ 624 milhões da rede. Do total retirado, apenas US$ 25,5 milhões estavam denominados em USD Coin (USDC). O restante do valor estava todo em Ether, mais precisamente em 173.600 ETH. Desde o dia 23 de março de 2022, data do ataque, o preço da segunda maior criptomoeda em valor de mercado já declinou quase 50%.
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