A recente queda da FTX, aliada ao cenário macroeconômico caótico e à baixa nos preços das criptomoedas, faz com que seja difícil pensar em um próximo ciclo de alta. Mas, em algum momento, esse ciclo virá. Em uma newsletter publicada na segunda-feira (26), o coletivo Bankless compartilhou três áreas que podem desencadear uma nova alta no mercado.

Os catalisadores de sempre

Para que uma nova alta aconteça, é necessário que Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) abram o caminho, destaca a publicação. Juntas, as duas maiores criptomoedas representam 55% do valor total do mercado.

No caso do Bitcoin, o Bankless avalia que seu caso de uso como proteção contra riscos geopolíticos e decisões de bancos centrais continua forte. “O mundo continua ameaçado por riscos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia, tensões entre China e Estados Unidos e a polarização política em diversos países ao redor do mundo.”

Além disso, a publicação também ressalta que a credibilidade de bancos centrais, como o Fed, segue em baixa após as decisões tomadas nos últimos dois anos. Essas incertezas, aponta o coletivo, criam um cenário forte para o BTC, onde investidores buscam ativos alternativos para guardar suas economias.

Nesse mesmo sentido, a ETH também pode se beneficiar do interesse renovado em ativos alternativos às moedas fiduciárias. “Além de ter propriedades de reserva de valor, com sua emissão projetada para se tornar deflacionária, ETH oferece aos investidores uma forma de rendimento após sua transição para prova de participação.”

O Ethereum é também um “índice da economia em blockchain”, acrescenta o Bankless, referindo às finanças descentralizadas, característica que foi reforçada após os colapsos de 2022.

Fôlego renovado em DeFi

Falando em finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês), a publicação aponta 2022 como um ano onde as finanças centralizadas foram expostas como “opacas e frágeis”. Isso cria um palco para que DeFi entre em 2023, e nos anos seguintes, ainda mais fortes.

“Embora exchanges centralizadas, aplicações de empréstimo e fundos de hedge tenham naufragado, protocolos DeFi seguiram sem problemas, seguindo com suas operações conforme programado, sem ficarem fora do ar.”

Além disso, enquanto plataformas centralizadas colapsavam, diversos setores das finanças descentralizadas continuaram se desenvolvendo, mostrando produtos inovadores, aponta o Bankless. A mais notável é o staking líquido, cuja utilização o coletivo prevê que irá crescer após a atualização Shanghai do Ethereum.

Outro ponto que pode fazer com que DeFi tenha outra disparada em popularidade e valor alocado são os contratos perpétuos descentralizados. Protocolos como GMX, dYdX, Gains Network, dentre outros, seguem crescendo conforme 2023 se aproxima, aponta a publicação.

Aplicações fora das finanças

Apesar do uso para especulação ainda ser o maior caso de uso das criptomoedas, o Bankless destaca que existem outras aplicações sem viés financeiro que se mostram promissoras. Redes sociais descentralizadas, músicas em NFTs e jogos em Web3 são algumas dessas áreas, e possuem potencial para desencadear uma nova alta do mercado cripto.

A publicação destaca o crescimento de redes sociais como Lens e Farcaster, contrastante com as recentes polêmicas vistas no Twitter sobre censura. Embora os NFTs relacionados à indústria da música sejam, tecnicamente, aplicações com viés financeiro, a publicação destaca que o setor tem espaço para crescimento.

“É uma nova forma de monetização para os artistas, que ganham muito mais vendendo NFTs para alguns fãs do que ganhariam com plataformas de streaming, como o Spotify, onde o intermediário captura a maior parte do valor criado.”

Os jogos em Web3, por sua vez, continuam sendo uma área animadora dentro do mercado cripto, avalia o coletivo. “A interseção de blockchain, NFTs e jogos têm grande potencial, com centenas de milhões em capital vindo de fundos entrando no setor no último ano.” A publicação reconhece que não houveram grandes lançamentos no setor em 2022. O fluxo de capital, porém, faz com que a hipótese de um jogo baseado em Web3 se tornar “um hit” é uma questão de “quando”, e não de “se”.

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