Na última semana, observamos fortes flutuações no preço do BTC devido ao aumento da volatilidade que antecedeu o prazo para a aprovação dos ETFs spot de Bitcoin. Como esperado, a SEC aprovou a primeira onda de ETFs spot de BTC.
Isso impulsionou um rally no mercado, e a capitalização total do mercado cripto encerrando a semana com um ganho de 6,6%. Passada a aprovação dos ETFs spot de BTC, as expectativas agora estão voltadas para a potencial aprovação dos ETFs spot de ETH.
O preço do Bitcoin ultrapassou brevemente os US$ 49 mil, atingindo seu nível mais alto desde dezembro de 2021. O volume de negociação dos ETFs spot de BTC no primeiro dia ultrapassou os US$ 4,6 bilhões, sendo que o Bitcoin Trust da Grayscale representou cerca da metade desse valor.
Além disso, um relatório da Binance compartilhado com o Cointelegraph destacou também que na semana, outro importante acotecimento foi a Injective que lançou sua atualização Volan na mainnet, com destaques como a construção da primeira infraestrutura de ativos do mundo real, escalabilidade aprimorada, interoperabilidade, capacidades inovadoras de queima e muito mais.
E agora, depois do ETF o que esperar para 2024
"O ano de 2024 parece promissor para o mercado de criptomoedas. Com portfólios verdes, o halving do Bitcoin no horizonte e a possibilidade real de um ETF Bitcoin apoiado pela BlackRock, os investidores estão atentos às oportunidades que se apresentam. Os ventos da mudança são tangíveis", afirma, Mel Gelderman, CEO da token.com.
Já, de acordo com Eduardo Carvalho, CEO e cofundador da Dynasty Global AG, destaca que a atual conjuntura do setor aponta para um maior nível de confiança sob os ativos, gerando um viés positivo ao futuro próximo.
“O ano passado foi muito importante para desconstruir uma série de paradigmas que sempre acompanharam, até de forma errônea, o mercado cripto. Hoje já não há dúvidas quanto ao seu poderio de estabilidade e está mais do que claro que é possível integrá-las ao universo financeiro tradicional. Todos esses acenos geram uma expectativa promissora para 2024”, avalia.
Segundo ele, para 2024, o cenário para este ano envolve uma integração maior entre as empresas de criptoativos e os bancos.
"Quando tratamos de bancos, sobretudo os tradicionais, é justificável que exista uma demora para a implementação de novos produtos e serviços, ainda mais num caso tão disruptivo e emblemático quanto as criptomoedas. No entanto, os sinais de mercado demonstram que essa preocupação está superada", disse.
Ele aponta que uma das maiores provas foi dada no último mês de dezembro, quando o Itaú, uma das instituições mais tradicionais do país, anunciou que passaria a ofertar a compra e venda de criptomoedas dentro de sua plataforma. Por meio do aplicativo Íon, o banco permitirá que seus clientes façam transações à base de Bitcoin e Ether, as duas principais criptos do mercado.
Segundo Eduardo Carvalho, essa mudança de postura dos grandes bancos iniciada no Brasil pelo Itaú deve ser acompanhada por todas as demais instituições presentes no país.
Outro evento altamente aguardado pelos investidores é o chamado halving do Bitcoin, previsto para ocorrer em abril. Nele, a quantidade de unidades da criptomoeda distribuídas aos mineradores como recompensa cai pela metade, reduzindo significativamente a oferta em circulação.
Se, devido ao histórico, este acontecimento já gera uma alta expectativa sobre a valorização do ativo, o CEO da Dynasty ressalta que esta será a primeira vez que ele acontece aliado a um panorama tão favorável no seu entorno.
“Nunca tivemos tantas instituições financeiras conectadas ao mundo do Blockchain e a visibilidade do mercado em si assumiu um patamar ainda mais elevado desde o último halving há quatro anos, hoje o varejo terá acesso a compra dos ativos digitais e isso pode gerar uma injeção maciça de liquidez no mercado de cripto ativos”, destaca.
Em 2018, o mercado cripto sofreu um baque com a proibição dos anúncios dos ativos dentro da plataforma da Google. Passados cinco anos, o principal site de buscas da internet revelou que irá voltar a aceitar as divulgações ligadas às moedas digitais a partir de janeiro.
Segundo o especialista, a retomada de um espaço tão importante para a veiculação de conteúdos traz consigo um potencial fundamental para o fortalecimento do setor e a atração de novos usuários.
“A atualização da Google representa uma maior credibilidade geral para o mercado e é mais uma prova da crescente integração dos ativos de Blockchain dentro do cenário mainstream, trazendo esta tecnologia ainda mais próxima do público”, finaliza.
ETF spot de Bitcoin
Mychel Mendes, contador especialista em criptomoedas, destaca os principais pontos positivos da decisão da SEC sobre os ETFs spot de Bitcoin e como ele pode impactar o mercado cripto.
- Aumento da legitimidade e aceitação da bitcoin como um ativo de investimento;
- Acesso simplificado, já que o ETF permite que investidores comprem bitcoin de uma maneira mais acessível, sem a necessidade de lidar com as complexidades das carteiras digitais e das exchanges de criptomoedas;
- Aumento da liquidez, com mais investidores entrando no mercado via ETF, permitindo uma menor volatilidade e preços mais estáveis a médio prazo;
- Aumento da demanda, com a facilidade do acesso ao ativo, podendo valorizar os preços e atrair mais investidores em busca de exposição de cripto.
"Olhando para o passado, quando o primeiro ETF de ouro foi aprovado, houve um aumento significativo na demanda por ouro. Isso não apenas elevou o preço do ouro, mas também solidificou sua posição como um ativo de "porto seguro" no mundo dos investimentos. O ativo, que já era popular, tornou-se ainda mais acessível para os investidores, resultando em um aumento no volume de negociações e na liquidez do mercado, acredito que o mesmo acontecerá com o Bitcoin", afirmou Mychel.
Segundo a Bitso, 2024 será de grande importância para o setor com o novo halving do Bitcoin, além dos eventos que irão determinar os rumos do mundo cripto. Outros acontecimentos, como as eleições presidenciais nos Estados Unidos e no México, bem como a recente mudança de presidente na Argentina, também poderão definir a trajetória dos ativos digitais.
Diante disso, a empresa elencou para o Cointelegraph algumas previsões para o setor em 2024.
Regulamentação, conformidade regulatória e prevenção de fraudes: Com os últimos acontecimentos na indústria, a regulamentação terá um impacto positivo a longo prazo e trará mais credibilidade, uma vez que estas ações incentivam ainda mais a adoção de criptomoedas na nossa região.
Em 2024, espera-se que as conversas sobre regulação continuem fazendo parte da agenda cripto. O momento de auge no uso de criptomoedas promoveu importantes projetos regulatórios, com resultados expressivos no Brasil e no projeto de lei iniciado na Colômbia.
A necessidade de desenvolver regulamentações locais que promovam a inclusão financeira por meio das criptomoedas, mantendo a transparência das operações, bem como proporcionando proteção e segurança aos usuários, tem se tornado cada vez mais evidente e necessária.
As empresas que têm clareza regulatória são as que permanecerão no ecossistema financeiro, porque regulação e a transparência não são opcionais. Esses princípios fazem parte do futuro da indústria e certamente haverá avanços importantes este ano.
A oportunidade continuará para as stablecoins: O uso das stablecoins para manter a liquidez diante da volatilidade financeira em alguns países latino-americanos impulsionou sua aquisição, que continuará a ser uma tendência em 2024. Em dezembro do ano passado, o USDT (stablecoin emitida por Tether) bateu recorde histórico ao atingir capitalização de mercado de US$90,64 bilhões, e está entre as principais moedas estáveis devido à sua paridade com o dólar.
A paridade das stablecoins com moedas fiduciárias, ou outros ativos como o ouro, permite que elas mantenham o poder de compra e realizem operações de forma simples, o que tem viabilizado cada vez mais seu uso entre os usuários da Bitso na Argentina, Brasil e Colômbia.
Investimento e proteção de ativos: Os investidores de cripto aguardam um novo verão. Uma das tendências para 2024 será o uso generalizado das criptomoedas como ferramenta de investimento e também para a diversificação das economias em diferentes ativos que possam ajudar a preservar o valor do seu dinheiro e aumentar seu patrimônio.
Para que isso aconteça, o mundo cripto continuará inovando com ferramentas que facilitem a tarefa dos investidores e que permitam acompanhar o comportamento e as estatísticas das diferentes moedas. Por serem produtos baseados na análise de dados ou até mesmo na utilização de Inteligência Artificial, a criação de mecanismos será fundamental para a tomada de decisões e descoberta das melhores oportunidades.
Finanças descentralizadas (DeFi) e Web3: Na consolidação da Web3, que permitirá a descentralização da internet com maior controle sobre a propriedade e privacidade da informação, as finanças descentralizadas ou DeFi terão um papel fundamental. Construída graças à tecnologia blockchain, a DeFi possibilitou a criação de um sistema financeiro aberto e equitativo baseado em contratos inteligentes e com operações rastreáveis que farão parte do futuro das finanças.
Embora isso não seja novidade, este ano veremos importantes players do ecossistema aderirem à era Web3 e oferecerem produtos que permitirão que as pessoas tenham maior controle sobre seus ativos e sua identidade. Além da chegada de instrumentos no mercado que irão facilitar e proteger as operações na Web3, promovendo a sua adoção e utilização.
Um novo “momento bitcoin”: Após o último halving do bitcoin em 2020, este ano, a recompensa para os seus mineradores será novamente reduzida pela metade, o que em ocasiões anteriores elevou o preço do bitcoin. Não há uma data exata de quando deverá ocorrer o halving, mas estima-se que seja no primeiro semestre de 2024, portanto o valor derivado dos juros da moeda poderá aumentar nos meses seguintes.
Criptomoedas e Brasil
Já Marcelo Cárgano, advogado especialista de Direito Digital do escritório Abe Advogados, destacou que o mercado de criptoativos teve um ano bastante positivo em 2023. O crescente interesse dos investidores e agentes no mercado (recentemente grandes bancos nacionais têm tomado a iniciativa de oferecer serviços de compra e venda de criptoativos) e a iminência de eventos conhecidos, como o “halving” do Bitcoin em abril de 2024, sugerem que o otimismo observado neste ano pode se estender para o próximo.
Segundo ele, é crucial, entretanto, ressaltar que os criptoativos continuam sendo ativos de alto risco e que não há garantias de que o mercado permanecerá positivo em 2024, apesar do atual otimismo.
"No Brasil, os investidores devem estar atentos aos próximos passos do Banco Central, que, em virtude do Decreto 11.563/2023, assumiu a competência para regular a prestação de serviços de ativos virtuais. As consultas públicas que o BC planeja conduzir como parte do processo regulatório, e as decisões tomadas pelo órgão, serão essenciais para compreender as medidas que serão adotadas visando a limitar os riscos associados a este setor”, disse.
Seguindo a mesma linha, Victor Jorge, professor do MBA in company da FGV e sócio do escritório Jorge Advogados, afirmou que no aspecto formal e regulatório, o ano de 2023 representou um grande avanço e resultado dos esforços regulatórios que o País vem fazendo nos últimos anos para compreender e fiscalizar as atividades que envolvem os criptoativos.
"Para 2024, a perspectiva é de recuperação do setor como um todo e o avanço da regulamentação das atividades", finalizou.