Uma empresa de serviços de compartilhamento de carros sediada em Viena equipou quase metade de sua frota de mais de 200 carros com IDs de auto-soberania baseadas em blockchain para fins de tokenização.
Em 27 de junho, o serviço de compartilhamento de carros Eloop e a Peaq Network – um ecossistema Web3 voltado para a economia das coisas – anunciaram que 100 Teslas haviam sido tokenizados via Peaq. A integração à blockchain permite que os usuários possuam uma fração da frota e compartilhem as receitas auferidas pelos carros em suas operações diárias de compartilhamento de viagens.
Em Viena, o Cointelegraph conversou com Nico Prugger, cofundador da Eloop, e Leonard Dorloechter, cofundador da Peaq, sobre o compartilhamento descentralizado de carros, a adoção em massa da Web3 e o futuro dos ativos de alto valor baseados em blockchain.
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Prugger explicou ao Cointelegraph que, quando um usuário possui um token, ele detém uma fração de toda a frota de compartilhamento de carros, dependendo de quanto investiu no token.
A tokenização cria então uma receita direta quando os carros são alugados, que é imediatamente distribuída para a comunidade detentora do token.
"Nós chamamos esse modelo de compartilhamento de carros 2.0 porque a comunidade que possui os carros também os aluga."
"Queríamos chegar o mais próximo possível da propriedade real, mas facilitando ao máximo formas para que qualquer um pudesse investir no carro sem nenhuma responsabilidade", disse Prugger. "Fazemos todo o trabalho legal relacionado aos carros."
Em 2019, a Siemens, empresa de manufatura industrial sediada na Alemanha, também mencionou o caso de uso de redes blockchain para fins de compartilhamento de carros por meio de uma de suas subsidiárias, a Siemens Mobility.
Dorloechter destacou a necessidade de integração da blockchain com ativos do mundo real para ajudar na adoção e na compreensão da nova tecnologia.
"Para que a Web3 se torne popular, precisamos de uma conexão palpável entre os mundos digital e real, que permita às pessoas se tornarem co-proprietárias de ativos que gerem receita com base em serviços e bens reais."
A camada de transação e armazenamento de dados para a rede de infraestrutura física descentralizada (DePIN) dos Teslas tokenizados é hospedada pela rede de blockchain Peaq, construída na Polkadot.
Dorloechter disse que a empresa escolheu a Polkadot devido ao aspecto da "interoperabilidade" e criou um modelo econômico para "incentivar especificamente esses casos de uso de IoT [Internet das Coisas]."
Ele disse: "Isso é possível porque terceirizamos a segurança para a Polkadot. Ela agrega muito valor ao produto."
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Tanto Prugger quanto Dorloechter comentaram que o compartilhamento de carros é apenas o começo, e muitas empresas estão interessadas em coisas como o carregamento descentralizado de veículos elétricos, Uber descentralizado e uma rede de câmeras descentralizada.
"Agora é possível que os usuários e também as máquinas possuam e controlem seus próprios dados, e os usuários podem vendê-los e disponibilizá-los se quiserem", disse Dorloechter.
"Não se trata de uma empresa Big Tech centralizando as operação, com acesso a todos os dados e monetizando-os. São indivíduos e carros individuais – pessoas que detêm e controlam seus dados e podem compartilhá-los."
Ele associou esse desenvolvimento a uma iniciativa da UE chamada Gaia-X, que visa criar uma infraestrutura de dados soberana e padrões de identidade e compartilhamento de dados para ajudar a estabelecer "cidades realmente inteligentes."
Prugger comentou sobre a postura geral da UE em relação às tecnologias emergentes e aos ativos digitais, dizendo que a clareza proporcionada pelas regulamentações da MiCA permitiu que eles pensassem em "ampliar a ideia" em toda a Europa.
Os veículos da Tesla são conhecidos por sua integração com aplicativos de inteligência artificial (IA) para condução autônoma e monitoramento dos arredores. Como a era da automação está se aproximando, algumas estimativas dizem que quase 50% das atividades de trabalho atuais poderão ser automatizadas até 2045.
Dorloechter destacou que veículos com capacidade de IA, como os Teslas, poderiam ser automatizados para se tornarem robôs-táxis e, portanto, a tokenização desses veículos "permitiria a democratização da era da automação".
"Todo o valor que esses carros autônomos geram poderia acabar nos bolsos de algumas grandes empresas", disse ele.
"Essa é uma maneira de reduzir a desigualdade, tornando todos esses ativos autônomos geradores de valor abertos para que as pessoas invistam neles e gerem receitas com isso."
À medida que mais itens físicos de alto valor são colocados nao blockchain e tokenizados para acessibilidade pública, Dorloechter diz que a capacidade das "comunidades de financiar e construir obras de infraestrutura e também ganhar com isso" se torna real.
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