Boba Network, BOBA e conceitos
A Boba Network (BOBA) é uma blockchain de segunda camada construída sobre o Ethereum. Seu objetivo é potencializar a escalabilidade da blockchain principal, e possibilitar um ecossistema descentralizado mais rápido e barato. Para compreender como a Boba Network e seu token, o BOBA, cumprem essas propostas, é necessário o aprofundamento em outros conceitos.
Blockchains de primeira camada e escalabilidade
Uma blockchain de primeira camada é o padrão das primeiras blockchains que surgiram após a publicação do white paper do Bitcoin, inclusive a criação de Satoshi Nakamoto, é o Ethereum é um bom exemplo. Como o nome sugere, uma rede de primeira camada é a sua própria fundação.
Bitcoin e Ethereum são exemplos de blockchains de primeira geração que, além de serem blockchains de primeira camada, são monolíticas. Uma blockchain monolítica acumula, em uma única camada, as quatro funções de uma rede de registros distribuídos: consenso, execução, disponibilidade de dados e compensações. Todos os nós de uma rede monolítica, então, precisam executar essas quatro funções.
Isso significa que, por definição, as blockchains de primeira camada estão limitadas quanto à capacidade de processar transações. Para alterar isso, seria necessário mexer nos fundamentos da blockchain, um processo que envolve uma quantidade extrema de atrito. Uma das soluções para a limitação na escalabilidade dessas redes, então, foi a criação de blockchains de segunda camada.
Como funciona uma blockchain de segunda camada?
Blockchains de segunda camada, como o nome também sugere, são redes construídas sobre blockchains de primeira camada. O objetivo é mover a função de execução, que é o esforço feito para processar transações, para fora da rede interpretada como principal. Essa divisão de tarefas faz com que as transações executadas na segunda camada sejam significativamente mais baratas.
Existem diferentes tipos de soluções criadas sobre uma blockchain de primeira camada. No caso do Ethereum, contudo, os rollups representam a estrutura mais famosa para fornecer escalabilidade à rede principal. Vitalik Buterin, cocriador do Ethereum, publicou um texto, em outubro de 2020, falando sobre o futuro da blockchain centrada em rollups. Desde então, essa é a visão que tem sido implementada.
Entendendo os rollups zk e otimista
Em seu famoso texto, Vitalik Buterin compartilhou sua crença de que o ecossistema Ethereum estaria totalmente imerso em rollups como estratégia de escalabilidade no curto e médio prazo. Cerca de três anos após a publicação, a visão do cocriador do Ethereum se confirmou. Até mesmo projetos que escolheram o formato de sidechain para oferecer escalabilidade, como a Polygon, migraram para um modelo de rollup.
Rollups estruturas de escalabilidade em segunda camada que processam transações e, a cada tempo medido em blocos produzidos, enviam as informações para a blockchain de primeira camada para validação. O tamanho da informação é reduzido através de um processo que ‘enrola’ os dados e os envia, por isso os rollups recebem esse nome. Os principais tipos de rollups são os otimistas e os zk.
Rollups zk
Os rollups zk são, para Buterin, o futuro da escalabilidade no Ethereum. O que justifica a opinião do desenvolvedor é o uso de provas de conhecimento zero, ou ZK, na sigla em inglês. Essas provas, chamadas de prova de validade, permitem que as provas enviadas pelos rollups sejam facilmente autenticadas pela blockchain de primeira camada, garantindo agilidade nas transações. Além disso, são tidas como muito seguras e privadas.
O lado negativo dos rollups zk é a compatibilidade com a Ethereum Virtual Machine, ou EVM, ambiente utilizado por desenvolvedores para construir aplicações sobre o Ethereum. Quando surgiram, os rollups zk não permitiam a elaboração de aplicações sem suas estruturas, viabilizando apenas transações. Isso limitava o uso e a escalabilidade efetiva do Ethereum.
Desde o texto publicado por Buterin, em outubro de 2020, e a fase do Ethereum pós-Merge, porém, muitos avanços foram feitos. Atualmente, rollups zk já possuem compatibilidade com EVM, ainda que em fase experimental, e possibilitam a criação de aplicações descentralizadas. Esses avanços estão colocando os rollups zk em uma posição mais favorável do que aquela mantida pelos rollups otimistas.
Rollups otimistas
A principal vantagem dos rollups otimistas é a sua compatibilidade, desde sempre, com a EVM. Sempre foi possível, então, criar aplicações descentralizadas usando esses rollups como base. Projetos como a Boba Network ganharam popularidade rapidamente em razão disso.
A desvantagem dos rollups otimistas em relação aos rollups zk, contudo, é a demora em mover os fundos movimentados dentro da segunda camada para a blockchain principal. Isso acontece em razão do sistema de autenticação de provas usado por esses rollups, chamado de prova de fraude. Em vez de provar que as informações enviadas são corretas, o rollup otimista assume que elas são, por isso receberam esse nome.
Para evitar que agentes mal-intencionados manipulem a rede principal com a inclusão de dados falsos, os rollups otimistas abrem uma janela de sete dias para a contestação do que foi enviado. Isso significa que, ao mover o saldo em ETH de um rollup otimista para o Ethereum, a transação só será completada após sete dias. Essa é a principal limitação desses rollups.
O que é a Boba Network (BOBA)?
Em sua estrutura, é normal que rollups otimistas sejam muito parecidos. Em suas propostas, entretanto, essas soluções de segunda camada se diferenciam. Projetos como Arbitrum e Optimism estão apostando em um modelo que consiste em servir de base para outras blockchains. Em outras palavras, elas buscam viabilizar a construção de redes em uma terceira camada.
A Boba Network, por outro lado, busca ser uma avenida de conexão entre diferentes blockchains de primeira camada que sejam compatíveis com a Máquina Virtual do Ethereum (EVM, na sigla em inglês). Em suma, o objetivo da Boba é conectar redes que tenham suporte para construir aplicações descentralizadas com compatibilidade no Ethereum.
Ao mesmo tempo em que atua como uma solução de segunda camada para o Ethereum, por exemplo, a Boba Network também se conecta com a BNB Chain. Além de melhorar a escalabilidade de duas diferentes blockchains, o protocolo cria uma via de interoperabilidade entre elas.
Outro diferencial da Boba Network é a forma com a qual a rede lida com o período de espera de sete dias dos rollups otimistas. Através de pools de liquidez, a rede permite que usuários retornem seus fundos para a blockchain principal em apenas alguns minutos. Desta forma, a disponibilidade dos fundos se torna mais flexível em comparação a outros projetos.
Por fim, a Boba Network permite a integração de algoritmos localizados fora da blockchain para processar demandas dentro da rede. De acordo com o fundador da Boba, Alan Chiu, essa funcionalidade permite que desenvolvedores executem tarefas mais pesadas sem sobrecarregar a blockchain.
Nesse ecossistema, o token BOBA atua tanto como forma de assegurar a rede, por meio de staking, quanto poder de voto nas decisões da organização autônoma descentralizada (DAO, na sigla em inglês) que decide os rumos da Boba Network. Além disso, o BOBA é também usado para pagar pelas taxas transacionais da rede.