Dá pra investir em criptomoedas e Bitoin na bolsa?

Desde que o mercado de Bitcoin (BTC) e criptomoedas começou a ganhar o mainstream, em 2017, a discussão sobre a entrada dos criptoativos no mercado financeiro entrou nas mesas de reuniões das bolsas de valores por todo o mundo.

Desde então, diversas bolsas de valores tradicionais passaram a desenvolver e lançar produtos de investimentos em Bitcoin e outras criptomoedas, inclusive através da Bolsa de Valores do Brasil, a B3.

Diversas gestoras brasileiras já disponibilizam fundos de investimentos em criptomoedas regulados pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), como a BLP, a Hashdex e a Vitreo, disponibilizados por uma série de corretoras como BTG, EasyInvest, Órama, Warren, XP, entre outros. Os cinco fundos com maior investimento do Brasil somavam R$ 770 milhões em volume até dezembro de 2020, em um ano em que os fundos cripto superaram o desempenho de todas as ações da B3.

A CVM, porém, só permite que investidores qualificados, com patrimônio acima de R$ 1 milhão, invistam nos fundos com maior exposição a criptomoedas, mas as gestoras também oferecem fundos para o varejo, com 20% de exposição ao mercado cripto.

Por isso, a CVM aprovou a negociação de fundos negociados em bolsa (ETF) de Bitcoin e criptomoedas no Brasil. Os primeiros da B3 serão lançados em 22 de abril de 2021 e será o quarto do mundo: o Canadá lançou, também em 2021, três ETFs cripto no começo do ano.

O que é um ETF de Bitcoin?

Os Exchange Traded Funds (ETF), ou fundos negociados em bolsa, são fundos de investimentos que reúnem uma série de ativos ou papéis baseados em um índice, como no caso do Ibovespa, que espelha reúne as maiores empresas de capital aberto do Brasil. Assim, quando alguém investe no ETF, investe em todas as ações e/ou ativos que compõem o índice. Desta forma, o investidor não precisa selecionar ação por ação de todas as empresas e consegue uma grande diversificação mesmo com pouco dinheiro.

Dentro de um ETF, cada ativo tem uma porcentagem de representação e no caso dos fundos de Bitcoin e criptomoedas não é diferente. Os fundos oferecidos por gestoras brasileiras já têm uma composição de ativos, que é atualizada de forma periódica de acordo com o desempenho e importância de cada criptoativo no mercado.

O primeiro ETF de criptomoedas brasileiro é uma parceria entre a gestora Hashdex e os bancos Genial, BTG Pactual e Itaú, que farão a coordenação da emissão na bolsa de valores.

Já o ETF de Bitcoin é uma iniciativa da QR Capital, em parceria com a CF Benchmarks, que trabalha com a CME, a bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. O fundo vai basear seu índice nos contratos futuros de Bitcoin da CME, que são negociados desde 2017.

Já existem outros ETFs de Bitcoin em Bolsas de Valores?

A expectativa para o lançamento de ETFs de Bitcoin em bolsas de valores tem aumentado em todo o mundo, pressionando autarquias financeiras a aprovarem este tipo de investimento nos mais diversos países.

Além do Brasil, que terá seu ETF de Bitcoin e de criptomoedas em abril de 2021, o Canadá aprovou em 2021 os três primeiros ETFs de criptomoedas do mundo, negociados na Bolsa de Toronto.

Os Estados Unidos também têm recebido pedidos de ETFs de Bitcoin há anos, mas a SEC, a autarquia financeira do país, ainda não decidiu pela aprovação destes produtos de investimentos ainda. Especialistas apostam que a SEC deve aprovar o primeiro ETF de criptomoedas dos EUA até 2023.

Na América Latina, a bolsa de valores brasileira deve ser a primeira a abrir negociação de um ETF de criptomoedas. O ETF será baseado no Nasdaq Crypto Index, da bolsa norte-americana Nasdaq em parceria com a Hashdex. A entrada da Nasdaq no mercado também tem levado outros players do mercado financeiro como S&P e CBOE a considerarem lançar índices de criptomoedas.

Além disso, já é possível investir em futuros de Bitcoin na Bolsa de Chicago, a CME, desde 2017, além da bolsa também negociar futuros de Ether desde março de 2021.

Qual o código do ETF de Bitcoin na Bolsa?

A partir de 22 de abril, os investidores poderão usar qualquer homebroker, independentemente da corretora, para investir diretamente no ETF de criptomoedas da Bolsa de Valores do Brasil. O ETF de criptomoedas, baseado no Nasdaq Crypto Index, terá o código HASH11. Já o código do ETF de Bitcoin na bolsa será QBTC11.

O ETF de criptomoedas da Hashdex (HASH11) será composto pelas criptomoedas do índice da Nasdaq, com 79% de Bitcoin, 16% de Ether, 1,2% em Litecoin, 1% de Bitcoin Cash e 0,5% em Stellar. O ETF de Bitcoin (QBTC11) terá 100% de exposição em Bitcoin.

Qual o valor mínimo para investir no ETF de Bitcoin?

Enquanto os fundos de investimento em criptomoedas aprovados pela CVM exigiam que apenas investidores de grande patrimônio pudessem investir em fundos com grande exposição, no caso dos ETFs que serão lançados no Brasil na Bolsa de Valores o aporte mínimo será muito mais acessível.

Segundo a Hashdex, o investimento mínimo para as cotas do fundo HASH11 será de R$ 50, dizendo que os valores do fundo podem variar “de acordo com o preço dos criptoativos e com a oferta e demanda de cotas do fundo na B3”.

Já a QR Capital, gestora do ETF de Bitcoin baseado nos futuros da bolsa de Chicago, não divulgou o valor da cota mínima do ETF QBTC11. A gestora espera arrecadar R$ 500 milhões com o lançamento.

Brasileiros investem mais em Bitcoin do que na bolsa?

Apesar do crescimento expressivo do mercado de criptomoedas nos últimos anos, ainda não é possível cravar que os investidores brasileiros já investem mais em Bitcoin do que na bolsa. Porém, alguns dados recentes nos mostram que o crescimento global das criptomoedas já ganha adeptos em território brasileiro, especialmente diante da alta das criptomoedas durante a crise econômica global desde a explosão da pandemia.

Nos últimos anos, quando a própria bolsa de valores do Brasil (B3) passou a permitir a entrada de pessoas físicas no mercado, o número de investidores na B3 passasse de 1 milhão.

Somente a Mercado Bitcoin, maior exchange de criptomoedas da América Latina, comemorou a chegada a 2,2 milhões de clientes no começo de 2021.

Em fevereiro de 2021, a média de brasileiros que declararam mensalmente suas posses de criptoativos à Receita Federal no Brasil chegou a 115.000, com um volume médio de R$ 7,3 bilhões.